The Mandrake Project (Bruce Dickinson) é um disco 8 ou 80; os fãs vão amá-lo ou odiá-lo

Depois de 19 anos, Bruce Dickinson volta com sua carreira solo embalado pelo disco The Mandrake Project! Caso o leitor estivesse esperando algo só na linha de seus últimos trabalhos: Tyranny Of Souls (20005), The Chemical Wedding (1998) e Accident Of Birth (1997), se enganou, e muito.

Aqui, o vocalista mostra uma distância enorme do Iron Maiden e traz músicas cadenciadas e com elementos que nunca ouvimos em sua trajetória solo. Momentos de muita criatividade e maturidade musical, realmente. O álbum é obscuro e repleto de passagens progressivas, sendo assim, se trata de uma obra musical que deve ser ouvida várias vezes para captar sua essência, as nuances, e poder ter uma opinião mais fidedigna das canções.

Outro ponto de destaque de The Mandrake Project é o vocal de Dickinson, e por mais que seja óbvia tal afirmação, é preciso destacar e saudar, já que o músico está na casa dos 60 anos e passou por um câncer na garganta não muito tempo atrás.

Dito isso, vamos às faixas deste disco, que é intrigante, para dizer o mínimo. O álbum abre com o primeiro single Afterglow Of Ragnarok, canção recheada de clima denso e riffs bem na linha do Black Sabbath. Many Doors To Hell nos mostra um riff na pegada oitentista, bem na linha Scorpions. Tal fato nos remete e conecta à época de seu primeiro registro solo, Tattooed Millionaire.

Outra faixa já conhecida do público é Rain On The Graves, pois saiu como o segundo single do disco. Neste som, nós encontramos o velho Dickinson contador de história e, claro, cobrindo todo o enredo da crônica com uma interpretação ímpar. A canção também merece elogios no setor “guitarrístico”, visto que brinda o ouvinte com belos riffs e solos.

Em seguida temos a faixa Resurrection Men, que pode causar certo espanto aos fãs com suas linhas percussivas incomuns à carreira solo do cantor; o refrão também merece ênfase, visto que é melodioso, poderoso e gruda na cabeça por dias a fio.

O tom dramático e cinematográfico é a especialidade de Fingers In The Wounds, que soa grandiosa na audição e complementa o quê variado do trabalho. Já Eternity Has Failed, que tem uma versão do Maiden, lançada em 2015, é mais direta ao ponto e sem firulas nos arranjos.

Quer um pouco do disco Accident Of Birth? Tudo bem, porque temos a cota parte em Mistress Of Mercy. O momento mais intimista, e até sonolento, chega com a balada Face In The Mirror, mas pouco agrega ao saldo positivo do álbum. Após tirar uma pestana com a balada, o ouvinte se depara com a melhor faixa do disco, Shadow Of The Gods.

Repleta de feeling e emoção, a música foi escrita para o projeto The Three Tremors, que reuniria Bruce, Rob Halford (Judas Priest) e Ronnie James Dio (Dio, Black Sabbath, Rainbow), mas que nunca saiu do papel.

O final da obra é com a épica Sonata (Immortal Beloved), que chega carregada de influência de Pink Floyd e proporciona ao ouvinte uma viagem à outras dimensões sonoras, tal qual ao grupo de David Gilmour (guitarra), Nick Mason (bateria), Roger Waters (baixo) e Richard Wright (teclado).

No final, The Mandrake Project não é um disco fácil, de audição fluída, como o vocalista lançou outrora. Por ser mais teatral, cheio de climas, ou seja, é uma obra musical na pegada 8 ou 80, dessa forma, o ouvinte pode realmente amá-lo ou odiá-lo, mas que indubitavelmente mostra um Bruce Dickinson versátil.

Track listing de The Mandrake Project:

“Afterglow Of Ragnarok”
“Many Doors To Hell”
“Rain On The Graves”
“Resurrection Men”
“Fingers In The Wounds”
“Eternity Has Failed”
“Mistress Of Mercy”
“Face In The Mirror”
“Shadow Of The Gods”
“Sonata (Immortal Beloved)”

Nota 8.5

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