Reunião do Pantera é um erro e vai contra a vontade de Vinnie Paul

“As pessoas são egoístas; elas querem o que querem, e não se importam com o que você quer. É lamentável que as pessoas falem: ‘Nossa, cara, vocês poderiam pegar o Zakk Wylde, pular no palco e ser o Pantera, de novo’. Não é tão simples assim!

Se Eddie Van Halen levasse quatro tiros na cabeça na próxima semana, todo mundo diria: ‘Ei, Zakk, vai lá tocar no Van Halen – é só colocar o nome de Van Halen’? É muito egoísta que as pessoas pensem isso, e é estúpido, também.

As pessoas chamam de reunião por uma razão! É chamar e trazer os membros originais de volta ao que eram. Mas há muitas dessas coisas que eles chamam de reuniões, mas não são realmente reuniões.

Eles só têm um cara da banda lá no meio. Essa não é uma reunião verdadeira. Com o Pantera isso nunca será possível”, disse Vinnie Paul, baterista e um dos fundadores do Pantera, em entrevista ao EMP Rock Invasion, em 2014.

“Zakk Wylde e meu irmão eram muito próximos. Se rolasse uma reunião, ele seria o cara. Mas eu honestamente acho que, por respeito ao meu irmão, deveríamos simplesmente deixar intactos os 14 anos incríveis que o Pantera teve”, comentou Vinnie durante uma entrevista a rádio 97.1 The Eagle, de Dallas, Estados Unidos, em 2012.

A posição do saudoso Vinnie Paul sobre uma reunião do Pantera era claríssima, não tinha ruído na comunicação dele. E se uma volta da banda sem o irmão de Vinnie, o guitarrista Dimebag Darrell, estava fora de cogitação, imagina um retorno aos palcos sem os dois Abbots.

No entanto, a história recente nos mostrou que um outro caminho, alheio à vontade do baterista, foi tomado, já que o Pantera está há algum tempo na estrada, fazendo shows com os integrantes da formação clássica: Phil Anselmo (vocal) e Rex Brown (baixo), e os ajudantes de última hora Zakk Wylde (guitarra – Ozzy Osbourne, Black Label Society), Charlie Benante (bateria – Anthrax).

Legado

No momento em que a cena do rock e metal estava assolada por uma infinidade de grupos, cujos trabalhos se situavam entre predicados como asséptico e afetado, o Pantera reestruturou a própria carreira, renegou parte do passado, aquele composto por laques e calça de oncinha, e resgatou a importância do aspecto social e humano da música pesada, isto é, reunir integrantes/amigos para fazer som e, consequentemente, a alegria do público.

Esse era o teor, o motor propulsor do Pantera a partir do álbum Cowboys from Hell, quinto registro de estúdio, lançado em 1990. Depois de alguns anos, por conta das adversidades bancadas pelo goró, drogas, fama, grana, sucesso, vaidade e outras chagas comportamentais, o convívio ficou insalubre, chegou a um limite irrevogável e o elo fora quebrado.

Fim

Em 2003, o Pantera se desfez oficialmente, foi partido ao meio: Phil e Rex foram para um lado e os irmãos Abbots para o outro canto. Cada parte seguiu seu próprio caminho, apesar da constante pressão dos fãs, mercado e mídia para uma reunião do conjunto.

Falastrão

Bocudo inconsequente e irresponsável, Anselmo sempre empelotava o angu, como aconteceu em uma entrevista à revista Metal Hammer, em que afirmou que Dimebag “merecia ser espancado severamente”.

Isso deixou a relação entre as partes ainda mais estremecida e pôde ter sido, na visão de Vinnie, o principal motivo para que Darrell fosse atacado e morto no palco por um “fã”.

Não é não

Ou seja, até a morte de Paul em 2018, nunca houve clima assertivo, concordante e, muito menos, amistoso para uma reunião do Pantera. Portanto, esse papo de que os irmãos aprovariam a reunião do grupo é balela e uma forma de dourar a pílula.

O discurso do atuais Panteras, e de muitos outros artistas e atores da cena rock e metal, é de que Vinnie e Dimebag aprovariam tal reunião e que estão jubilosos com tudo o que está rolando na carreira da banda, mas, de acordo com as considerações do passado dos brothers, as coisas não seriam esse conto de fada cor de rosa que tem sido propagado aos quatro ventos.

Bem, como mortos não falam, tudo fica por isso mesmo e que siga o baile, né?

Celebrar

Não há nada de errado em celebrar a carreira e o legado musical do Pantera, no entanto, em respeito à posição de Vinnie Paul, por exemplo, Phil Anselmo, Rex Brown e os representantes legais dos espólios dos irmãos poderiam chamar o projeto de qualquer outra coisa, menos Pantera.

O grupo poderia se apresentar sob título de Cowboys from Hell, Domination, Far Beyond from Hell e Mouth for War. Caso quisessem ficar no campo felino, o nome poderia ser Jaguatirica, Onça Pintada, Bobcat, Lince ou Siamês, mas, como dito, menos Pantera.

Juízo de valor

A ideia aqui não é ser contra a celebração da música da banda, todavia, é em discordância ao uso da marca Pantera. Além disso, a crítica não tem a ver com o maravilhoso trabalho que Zakk e Charlie desempenham no palco, pois eles são músicos do mais alto escalão, sendo assim, é sempre ótimo vê-los no palco.

Os shows que os músicos estão apresentando ao público são incríveis, há sinergia entre os caras, o repertório está coeso e a performance está impecável, portanto, com uma simbólica alteração na marca, tudo ficaria perfeito.

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