Iron Maiden: Porto Alegre Se Derrete Ao Legado Da Besta

Para Pitágoras, o número 3 representa a perfeição. É a soma da Unidade (1) com a Diversidade (2). Para os Chineses, é a perfeição pois é a junção do Céu, Terra e Humanidade. Para os gaúchos fãs do Iron Maiden, o 3 se justificou como a perfeição na terceira passagem do Iron Maiden em Porto Alegre.

Foram 40 mil pessoas lotando a Arena do Grêmio e, finalmente, tendo a oportunidade de presenciar um show dos britânicos com a dignidade que os fãs mereciam. Se em 1992 e 2008 os shows foram no Ginásio Gigantinho, em 2019 a imponente arena tricolor ofereceu ao grupo e aos fãs a melhor experiência Iron Maiden já vivida na cidade.

A noite de 9 de outubro, uma quarta-feira, trouxe estranheza para o estádio. Acostumada com os jogos cheios de história de meio de semana viu suas arquibancadas e gramado serem tomados por uma legião vestindo preto e sedenta por uma noite regada a música boa e a realização de sonhos.

Antes de receber a principal atração da noite, os gaúchos da Rage in My Eyes tiveram a missão de abrir a noite. Com um som abaixo do esperado e alguns problemas técnicos, a banda fez uma boa apresentação mostrando seu som ao público. A mistura das guitarras, baixo e bateria, tradicional do metal, estão lá, mas o grupo inova ao colocar um “gaiteiro” no grupo e ter algumas linhas de milonga nas músicas.

Na sequência veio a The Raven Age, banda conhecida por ter sido fundada pelo filho de Steve Harris, George. O grupo apresenta um metalcore com tons melódicos e soa bem interessante. Os riffs pesados e a equalização sonora do grupo garantiram uma grande apresentação, com destaque para a cadenciada Grave of the Fireflies com o público respondendo e acendendo os seus celulares imitando vaga-lumes (fireflies em inglês).

Era quase 21h e a expectativa dos fãs enorme. A arena nesse momento estava completamente lotada à espera da atração principal. Passados poucos minutos das 21h as luzes se apagaram, o telão mostra o trailer do jogo Legacy of the Beast e, em seguida, toca Doctor Doctor, do UFO, música que abre os shows da banda.

Depois de mais um show histórico no Rock In Rio e uma parada em São Paulo, Porto Alegre estava pronta para receber pela terceira vez os britânicos. O grupo começa a primeira parte do show em campo de guerra. Com o palco todo decorado nessa temática e um Supermarine Spitfire no ar, o grupo abriu com Aces High. Where Eagles Dare mostrou Bruce com uma nova vestimenta, assim como em 2 Minutes to Midnight.

Chama a atenção a produção de figurino de Bruce Dickinson. Enquanto o grupo está lá com suas camisetas da banda, mangas rasgadas e personalizadas para cada um, o vocalista apresenta uma série de trajes chegando a quase dez transformações.

Vem então uma das surpresas dessa tour, The Clansman, originalmente gravada na voz de Blaze Bailey. A música estava fora do set list desde 2003. A interpretação de Bruce foi eternizada no álbum Rock In Rio, gravado em 2001, então não foi uma surpresa ver o grande trabalho de uma das maiores vozes da história da música. O público também fez sua parte com um belo coro entoando cada nota da intro e nos gritos de “freedom” do refrão.

Todos os grandes clássicos do grupo estavam lá, o show televisionado nacionalmente na semana anterior manteve seu script, mas presenciar a postura do grupo é algo fascinante e é isso que precisa ser dito mais do que qualquer outra coisa. Bruce não precisa conversar com a plateia, ele a domina com naturalidade, seja cantando ou nas suas expressões. É um maestro comandando dezenas de milhares de vozes com o movimento de suas mãos.

A produção de palco alterando e ambientando cada momento do show é grandiosa. O Spitfire; um Icarus gigante em Flight of Icarus; o Eddie em um duelo de espadas com Dickinson, que surge com uma bandeira do Brasil para derrotar o inimigo em The Trooper; a gigante besta, símbolo dessa tour que surge durante Iron Maiden; o lindíssimo palco com seus vitrais em Revelations e For the Greater Good of God; a presença e encenação do ator principal no palco com seus lança-chamas; a dramaticidade em Sign of the Cross, tudo, absolutamente tudo em um show do Iron Maiden tem significado e atinge em cheio aos fãs do grupo.

Falar do set list é impossível, o grupo preparou um show para ninguém colocar defeito. Repassou toda a carreira com músicas de todas as fases do grupo para que todas as gerações lá presentes fossem representadas.

Você pode discutir com diversos argumentos sobre qual é a maior banda de todos os tempos, mas hoje, após vivenciar a experiência Iron Maiden, não resta dúvidas: o Iron Maiden é insuperável e os gaúchos se derreteram ao legado da besta.

SET LIST:
Aces High
Where Eagles Dare
2 Minutes to Midnight
The Clansman
The Trooper
Revelations
For the Greater Good of God
The Wicker Man
Sign of the Cross
Flight of Icarus
Fear of the Dark
The Number of the Beast
Iron Maiden
The Evil That Men Do
Hallowed Be Thy Name
Run to the Hills

Deixe um comentário (mensagens ofensivas não serão aprovadas)