Festival de metal no Brasil pode custar seu salário

O Brasil recebeu os primeiros shows internacionais de rock na década de 1970; nos anos 80, com a fundamental ajuda do Rock in Rio, o país ganhou atenção do setor fonográfico gringo como um mercado de grande potencial para shows, portanto abriu de vez as portas para uma agenda internacional sistemática.

Na década de 1990, os brasileiros já podiam curtir algumas das principais apresentações gringas do rock e metal com bastante frequência. Com a criação do real, moeda em circulação até os dias de hoje no país que chegou com a responsabilidade de conter a hiperinflação da época, a esfera cultural foi afetada positivamente e possibilitou mais eventos no país.

Um dos reflexos favoráveis produzidos pela economia mais sadia fora a possibilidade de poder assistir, por exemplo, um show do Iron Maiden e Helloween pelo módico valor de R$35,00; ou curtir KISS e Rammstein pela simbólica quantia de R$50,00. Em suma, era viável quitar as responsabilidades do cotidiano e ainda encontrar uns trocados no bolso para curtir shows e ou outras formas de entretenimento.

Foto: Acervo RockBizz
Foto: Acervo RockBizz
Foto: Acervo RockBizz

Mercado nacional x Mercado internacional 

Desde então, o mercado cultural, principalmente na seara musical, veio se modificando e se equiparando, na medida do possível, às práticas e perfis internacionais. Porém, os brasileiros esbarram numa questão grave que é a fragilidade econômica. Cabe ressaltar que em dado momento a economia doméstica chegou a tomar algum corpo e respirar com menos pressão, todavia, nos últimos tempos, vem degringolando a ponto de impossibilitar o consumo básico para uma sobrevivência digna.

Se o fôlego financeiro está difícil para o dia a dia; para as responsabilidades do cotidiano; imagina para o consumo de um produto e ou serviço supérfluo como um concerto de um artista ou grupo internacional. É praticamente impossível!

O quanto pesa no bolso

Vamos pegar dois eventos recentes que aconteceram em São Paulo para refletirmos sobre o preço das entradas. Em um dos espetáculos, o valor do ingresso inteiro para pista comum saía por R$680,00 e para pista premium R$1.180,00. Já outro festival, a entrada para um dia ficava em R$700,00; para os dois dias de evento o ticket saía por R$1.300,00.

É importante relembrar que o salário mínimo é de R$ 1.320,00; valor que passou a vigorar a partir do último 1º de maio, Dia do Trabalhador. Dito isso, vamos usar o menor valor citado anteriormente para uma regrinha de três básica para chegarmos a porcentagem do quanto o preço da entrada subtrai de um salário mínimo. A proporção é de 51%, ou seja, mais da metade de um salário mínimo, o que pesa e impacta, e muito, no orçamento familiar.

Custo de produção

É sabido que os custos para produção de um evento de pequeno, médio ou grande porte são altos. Cachê, aluguel do local, fornecedores, infraestrutura, entre outros fatores se agregam para formulação do preço da entrada. Contudo, as despesas podem – e devem – ser amortizadas com a implementação de parcerias e abertura de cotas de patrocínio, assim a outra extremidade da ponta, que é o consumidor, não sofrerá tanto com o valor da entrada.

Ganha-ganha

Sem levarmos em consideração os fatores abstratos como o prazer e o sentimento de assistir essa ou aquela banda, queremos apenas refletir sobre as dificuldades de subtrair 40% ou 50% do salário para prestigiar um evento. E se as produções dos eventos compensam o alto preço do ingresso com uma infraestrutura de primeira classe.

Como mencionado anteriormente, o objetivo não é demonizar um lado e santificar o outro! A ideia é promover uma discussão sensata e madura sobre o assunto para que todas as partes possam se beneficiar e tirar proveito dos eventos, shows e festivais. Em resumo, é estabelecer uma relação/negócio que preze pelo padrão integrativo, onde todo mundo ganha.

6 comentários em “Festival de metal no Brasil pode custar seu salário”

  1. Eu entendo a queixa, mas a lógica tá um pouco errada aí no texto, acho que faltou contextualização.

    Os exemplos trazidos custavam aqueles valores para ver uma única banda, em um tempo que o salário mínimo variou entre 130 a 250 reais, ou seja: os valores de cada ingresso variavam de 20% a 40% do salário mínimo vigente e você tinha o direito a em média 2 horas de show.

    Quando você paga o valor de UM dia festival (que custa quase 50% do salário), você tem a possibilidade de assistir mais de 8 horas de show num mesmo dia, de diversas bandas que você provavelmente nunca nem viu na vida e dificilmente viriam para cá se não fosse para tocar em um festival.

    Se você paga lá dois dias e gasta um salário mínimo inteiro, vc teria o dobro dos ganhos que eu disse: mais de 16 horas de show com várias bandas diferentes.

    Sinceramente, não me parece um absurdo não, principalmente comparado a ingressos de outros eventos culturais por aí.

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  2. Realmente os valores dos ingressos estão altíssimos. No último show do Kiss não tive coragem de ir. Tenho certeza que muitos também deixaram de ir pelo mesmo motivo.

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  3. Paguei 30 reais no Monsters de 1996. 12 horas de show com Iron maiden, motorhead, helloween, skid row, king diamod, mercufull fate e etc…O mínimo era de 112 reais. O dólar não chegava a 1 real era 0,97. Onde está a proporção?

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  4. Não tenho coragem de tirar mais de 700 – 800 reais do sustento da minha casa (família) e mais gastos com transporte e alimentação, para ir ver o Kiss fazer playback, e mais algumas bandas que já não estão lá aquelas coisas, é caro sim, eu até entendo os custos da produção de um evento, mas na boa, é muita grana para tirar do orçamento da família, eu digo isso indo sozinho se for com a patroa, dobra o valor e ainda mais, é muito dinheiro só por algumas horas de show, quem está com o dinheiro sobrando para ir nesses eventos, ótimo, bom divertimento….. Muitos garanto que não tem as mesmas condições

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