Banquete oitentista: 5 álbuns que fizeram a alegria dos fãs de rock e metal em 1983

Os números não mentem: a década de 1980 foi um dos períodos mais frutíferos e criativos para o rock n’ roll e heavy metal; na verdade, para o setor musical como um todo. Era muita gente produzindo música, experimentando novas formas e fórmulas sonoras; e, sem saber ou se dar conta de tal grandeza, a turma estava estabelecendo as fundações para as gerações futuras.

Para o ouvinte, a cena era como um imenso banquete em que seu único trabalho era, como num bom e farto restaurante self-service, pegar seu pratinho, passear por todas as iguarias e, certamente, colocar em sua travessa tudo aquilo que julgasse apetitoso.

É importante ressaltar que o espírito do tempo também era pautado por uma saudável e bem-aceita rivalidade entre os grupos e artistas. Tal afirmação não é um mero saudosismo com puro cheiro de naftalina. É apenas a lembrança de que a coisa era pautada por rivalidade de um querer superar o trabalho do outro, o que fora ótimo e benéfico a todo ecossistema da indústria fonográfica.

Desse modo, vamos, embalados pela festança musical da citada década, rememorar 5 álbuns que fizeram a alegria dos fãs de rock e metal em 1983, agitaram a cena com muitos solos, riffs e refrãos à la arrasa quarteirão e, evidentemente, saciaram o apetite voraz dos roqueiros e metaleiros.

1. Quiet Riot – Metal Health

Em sua segunda encarnação, que contava com Kevin DuBrow (vocal), Carlos Cavazo (guitarra), Rudy Sarzo (baixo) e Frankie Banali (bateria), o Quiet Riot deixou o status de grande promessa do hard rock californiano para o primeiro posto da Billboard.

O repertório de Metal Health veio recheado de vitalidade e com uma interpretação, de ponta a ponta, de tirar o chapéu. O single Cum On Feel the Noize, cover do subestimado Slade, encabeçou a festa, mas também cedeu holofote a Love’s a Bitch, Breathless e Metal Health (Bang Your Head).

Metal Health é um dos discos que melhor representam o arroubo sonoro oitentista! Faça um grande favor a si, ouça-o pelo menos uma vez por semana.

2. Ozzy Osbourne – Bark at the Moon

O pobre Ozzy Osbourne oscilou entre momentos de tranquilidade e o mais puro furacão de problemas em sua carreira. Depois que foi demitido do Black Sabbath, o cantor conseguiu, por intermédio de sua atual esposa e empresária Sharon Osbourne, se reerguer e fincar as primeiras balizas de uma carreira solo bem-sucedida.

No comecinho dos anos 80, o vento favorável durou pouco, já que a morte prematura do guitarrista e braço direito de Ozzy, Randy Rhoads, colocou tudo em compasso de incerteza. O primeiro trabalho de estúdio do Madman, após o desencarne de Randy, fora a pérola musical Bark at the Moon.

Para o disco, o Príncipe das Trevas contou com a vital ajuda de Jake E. Lee, virtuoso guitarrista que tratou de brindar os fãs com riffs afiados, solos acrobáticos e timbre encorpado.

Apesar da difícil tarefa de cativar seu espaço na banda de Osbourne, Lee deu conta do recado e é lembrado, até os dias de hoje, como um dos mais importantes guitarristas e compositores que passaram pela banda de Ozzy.

3. Iron Maiden –  Piece of Mind

Os fãs do Iron Maiden ainda estavam extasiados com o meteoro chamado The Number of the Beast, mas Steve Harris (baixo), Bruce Dickinson (vocal) e companhia não perderam tempo para vir com mais outra saraivada do mais puro heavy metal britânico.

Piece of Mind chegou com os dois pés na porta, aumentando a aposta do disco anterior com temas mais profundos como Revelations, Flight of Icarus, Where Eagles Dare e The Trooper.

O Iron – principalmente durante a década de 1980 – conjugava como poucos dois importantes fundamentos do rock e metal: ferocidade e rebuscamento. Há agressividade e peso, mas na dose certa, jamais fora de esquadro.

Piece of Mind se destaca como um dos principais capítulos da história do Maiden e, claro, do heavy metal mundial.

4. Black Sabbath – Born Again

No finalzinho dos anos 70, o Sabbath não vivia seu melhor momento! Na verdade, o grupo britânico estava a milhões de quilômetros de distância de um oásis em sua carreira, pois vinha de dois lançamentos bastante aquém de suas possibilidades – Technical Ecstasy (1976) e Never Say Die! (1978) – e da demissão de seu icônico vocalista, Ozzy Osbourne.

O realinhamento de rota aconteceu com a entrada do saudoso vocalista Ronnie James Dio, mas infelizmente durou pouco, apenas dois discos de estúdio: Heaven and Hell (1980) e Mob Rules (1981). Desentendimentos com o líder e guitarrista Tony Iommi levaram Ronnie a passar no RH e assinar sua rescisão.

Depois da saída de Dio, que ainda levou embora a tiracolo o baterista Vinny Appice, o Sabbath voltou a patinar no limbo das incertezas! A solução, pelo menos a curto prazo, foi fechar parceira com Ian Gillan.

O convite para que Gillan assumisse o vocal do Sabbath foi feito por Iommi num boteco pé sujo e regado a muitas “marditas”, então imagina aí o teor da conversa da dupla – além do mais, o que acontece no bar, deveria ficar no bar.

Mas vamos ver sob a ótica do copo meio cheio! A banda estava mais uma vez em frangalhos, pois ainda estava sofrendo abusos de alguns abutres, as contas estavam essencialmente no vermelho e o valor da marca Black Sabbath estava bem baixinho no mercado. Logo, diante de um cenário bastante desafiador, para dizer o mínimo, ter cabeça e criatividade para criar um álbum impecável é deveras complicado.

Então, pela persistência, tenacidade e o ímpeto de não largar o osso e deixar a banda morrer, Tony Iommi merece muitos créditos, assim como Born Again, que faz jus a figurar numa lista de discos importantes dos anos 80.

A produção é abafada e o repertório inconsistente – sem contar os gritos ensurdecedores de Gillan, que atrapalham uma audição agradável – mas vale como um símbolo de resistência do penoso momento em que fora concebido.

5. Dio – Holy Diver

O romance entre Ronnie James Dio e o Black Sabbath foi como um tórrido namoro de verão: breve, avassalador e inesquecível! Depois que os ânimos se exaltaram e o caldo entornou, o cantor foi para um lado e o grupo para o outro.

Ronnie, ao invés de mandar currículo para outros grupos e continuar no esquema de empregado, tratou de criar sua própria empresa – ou melhor, sua própria banda – e se tornou chefe. Sabiamente, se cercou de músicos de primeira linha, e o debute fora o essencial Holy Diver.

O disco aposta em linhas de guitarra virtuosas, cortesia de Vivian Campbell; numa cozinha magistral e para lá de bem entrosada, ofertada por Jimmy Bain (baixo) e Vinny Appice (bateria); e claro, na cereja do banquete: a voz inigualável de Ronnie.

Holy Diver provou que o gigante-baixinho quis diversificar seu som, mas jamais trair sua base fiel de fãs.

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