Matanza Transformou O Bar Opinião Em Um Perfeito Saloon

Um 12 de março marcado de muita chuva em Porto Alegre marcou também a volta de um dos maiores grupos de rock do Brasil à capital gaúcha. Respeitada e admirada por um grande público, o Matanza transformou o Bar Opinião em seu saloon e recebeu um grande público sedento por boa música.

A abertura ficou por conta do australiano Simon Chainsaw, devido às dificuldades enfrentadas durante o dia, chegamos ao Opinião já na reta final de seu show, mas seu punk rock de raiz de boa qualidade agradou os presentes e, pela reação do público, foi um ótimo aquecimento.

Após alguns minutos de espera para a preparação do palco, o Matanza começava seu show às 21h15, o público ovaciona Jimmy London, um dos grandes personagens da música brasileira. Eles sobem no palco com uma pedrada, o clássico A Arte do Insulto, emendando vem Bebe, Arrota e Peida e Ela não me Perdoou. O Opinião se transformou em uma gigante roda punk, plateia cantando cada frase a plenos pulmões e querendo muito mais, e teve com Bom é Quando Faz Mal, que manteve o ambiente em clima de festa.

Jimmy faz sua primeira pausa para falar ao público e faz uma reclamação: “Porto Alegre, vocês me deixam em uma situação complicada, eu tento oxigenar o discurso, inovar, mas chego à cidade, chego ao Bar Opinião e vou dizer o quê?” O público responde em coro: “P*** Q** P****!”. Jimmy segue com o discurso jogador de futebol, nada relevante pra dizer: “Obrigado seria pouco, só posso dizer P*** Q** P****; P*** Q** P****, Porto Alegre!”

O Que Está Feito, Está Feito foi a próxima, a primeira canção de Pior Cenário Possível, último álbum da banda, lançado em 2015. A banda seguiu com outro clássico, Meio Psicopata, um dos refrões mais grudentos da banda e entoada pelos presentes. Quando a plateia começa a ficar cansada e com sede, a banda manda um convite a todos: Vem pro Bar, Vem Pro Bar, Vem Pro Bar! Remédios Demais e o Último Bar fecharam esse segundo bloco de petardos da banda.

Jimmy volta a interagir com o público e fala sobre Maurício Nogueira (guitarra): “Já contei a triste história de Maurício Nogueira, certo dia em determinada situação se viu num beco sem saída, de frente pro perigo, botou a arma para fora e quando decidiu agir, se viu sem munição, pensou, pensou e… Qual a desculpa pra não tocar Sob a Mira?” Nogueira então começou a tocar a música, mais uma do último trabalho da banda. Se o corpo parecia cansar, o recado viria a seguir com Tudo Vai Ficar Pior e a Ressaca Sem Fim.

Jimmy agora muda o foco para o baterista Jonas Cáffaro: “A próxima canção se pode chamar de premonitória, uma canção a frente do seu tempo; uma canção que já imaginava que teríamos na banda Jonas Cáffaro; uma canção que descreve suas qualidades físicas e atributos de Jonas. A próxima canção foi escrita pensando em você: Em cada detalhe dessa personalidade sedutora; em cada fio desse cabelo ‘wellaton’; em cada baquetada que o senhor da a esse público; essa canção deveria se chamar: Jonas: O homem, o Mito.”

Os acordes iniciais deixavam claro, Quanto Mais Feio era a música dedicada à Jonas que, “quanto mais feio, quanto mais sujo, quanto mais forte o bafo, mais ela gosta de mim.” Mais uma de A Arte do Insulto, mais um clássico da banda. Todos os sócios do Clube dos Canalhas entoaram a plenos pulmões, afinal, “farra pra tudo é um bom remédio, só um idiota completo morre de tédio, queremos todo dia tudo isso que a vida tem de bom.”

O Matanza seguiu com Tudo Errado e outro clássico, Mesa de Saloon. Jimmy conta mais um episódio usando o baterista Jonas, segundo ele “bateristas não falam, não são músicos, são aqueles que acompanham, o arroz branco.” Jonas respondeu que prefere ser “arroz integral pelo menos”, Jimmy falou dos planos do baterista, disse que Jonas contou os planos pra essa noite: acordou assustado, olhou pra parede, pensou nas pessoas que encontraria nessa noite e disse: Matarei.”

A banda imediatamente começa com o riff de Matarei para delírio de todos os presentes, a seqüência com Eu Não Gosto de Ninguém manteve o clima lá em cima e as rodas girando sem parar. Tempo Ruim e Pandemonium encerraram mais um bloco de músicas, dando espaço para mais uma fala de Jimmy.

Ele agora volta a falar do guitarrista, Mauricio Nogueira, e diz que tem um segredo, uma verdade secreta imunda do Matanza. “Maurício Nogueira não tem um nome no meio, tem um nome pendurado no fim. Maurício Nogueira se chama, com muito respeito, Maurício Nogueira Pinto. O famoso Seu Pinto! Ele está tocando uma música diferente. Mostre Seu Pinto”!, brinca Jimmy e elogia: “Que legal, Seu Pinto. Por favor, mostre de novo Seu Pinto, você está emocionando a galera.”

Leave That Junk Alone é a única do excelente To Hell With Johnny Cash, seguida de Pé na Porta, Soco na Cara. Jimmy volta a elogiar o guitarrista: “Porra, Seu Pinto, você está de parabéns, Seu Pinto foi vigoroso. Excelentíssimo, Seu Pinto, apesar de cabisbaixo, emocionou a todos.”

O Matanza seguiu com mais um bloco de petardos: As Melhores Putas do Alabama, Whisky Para um Condenado, Rio de Whisky, Carvão, Enxofre e Salitre e Mulher Diabo, dedicada a todas as presentes. Jimmy ao anunciar a próxima tem mais uma conversa: “Essa noite não contei o que eu penso, muita gente diz que acha que sou um cara que não tem nada na cabeça, não penso nas paradas importantes do mundo, estão achando que não sinto nada, que sou um homem sem sensibilidade, ideia e conversa, pois digo que tenho, sim, muita conversa e poderia ficar horas conversando com vocês, se fosse uma certa conversa… de assassino serial.” Conversa de Assassino Serial foi a última do mais recente álbum, seguida de Todo Ódio da Vingança, de Jack Buffalo Head.

O show se encaminhava para seu final, e Jimmy falou novamente: “Toda p**** precisa de uma conclusão, normalmente um história triste, um senhor de idade, contando uma história triste, quase sempre envolve uma mulher maldosa e sinistra, eu diria coisas horríveis dessa mulher, seu perfume doce, essa mulher… E várias outras aqui, foram exatamente elas, essa mulher roubou meu caminhão.”

Com o primeiro grande sucesso da banda, o Matanza encerrava uma noite de quase duas horas, trazendo o melhor do rock brasileiro para Porto Alegre. A banda não pára de escrever boas canções, mesmo um show tão longo deixou algumas de fora como Eu Não Bebo Mais, Interceptor V6 e o clássico Estamos todos Bêbados, mas foi mais um show para ninguém botar defeito.

O Brasil precisa de mais bandas assim: rock puro, letras marcantes e que fortaleçam o estilo no Brasil, desde o Raimundos que não temos uma banda tão impactante. Que sigam assim nos brindando com muitos riffs, garrafas de rum e cervejas em noites como essa.

Setlist:

A Arte do Insulto
Bebe, Arrota e Peida
Ela não me Perdoou
Bom é Quando Faz Mal
O Que Está Feito, Está Feito
Meio Psicopata
Bota com Buraco de Bala
Vem Pro Bar
Remédios Demais
O Último Bar
Sob a Mira
Tudo Vai Ficar Pior
Ressaca Sem Fim
Maldito hippie Sujo
Imbecil
Quanto Mais Feio
Clube dos Canalhas
Tudo Errado
Mesa de Saloon
Matarei
Eu Não Gosto de Ninguém
Tempo Ruim
Pandemonium
Leave That Junk Alone
Pé na Porta, Soco na Cara
As Melhores Putas do Alabama
Whisky Para um Condenado
Rio de Whisky
Carvão, Enxofre e Salitre
Mulher Diabo
Conversa de Assassino Serial
Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head
Ela Roubou meu Caminhão

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