Summer Breeze Brasil encerra primeira edição provando que não depende dos velhos headliners de sempre

No domingo, 30 de abril, uma multidão de roupas pretas invadiu novamente o Memorial da América Latina, em São Paulo, para o segundo e último dia do festival Summer Breeze. Com 15 bandas divididas por dois palcos principais (Hot Stage e Ice Stage) e um palco secundário (Sun Stage), além de uma área premium com atrações exclusivas, o lineup divulgado prometia que o festival de origem alemã seria “o brabo”.

Quem chegou antes do almoço pôde conferir os veteranos do Krisiun abrirem os trabalhos com seu death metal, bem como outro grupo veterano, o Grave Digger, entoar seu grande hino: Rebellion (The Clans Are Marching). Em seguida, já contando com um público numeroso e um calor de rachar, o H.E.A.T. subiu ao palco Hot e fez um show fervente (com o perdão dos trocadilhos múltiplos), que evidenciou o porquê de ter se tornado um dos maiores expoentes do hard rock atual. A plateia vibrava com a agitação dos suecos e cantava junto com as melodias contagiantes de inspiração oitentista, como Dangerous Ground e Living on the Run.

Por falar em calor, o headbanger que desejasse um abrigo temporário do sol causticante encontrava pedaços de sombra com vista para os palcos, bem como um pavilhão fechado com ar condicionado. Ponto para a produção! No referido pavilhão, exposições de filmes de terror, artigos medievais e tatuagens, além de um bom espaço gastronômico ao lado, completavam a experiência do festival.

Então, chegou a hora de colocar um corpse paint rupestre para receber os finlandeses do Finntroll, cujo folk metal colocou muita gente para arriscar uns passos típicos no palco Sun. Em seguida, uma corrida até o palco Hot para acompanhar o thrash metal do Testament, que vive um grande momento e entregou um show de muito peso e sem firulas, apesar da falta sentida de alguns clássicos.

Foto: MH ARTS

Em seguida, foi a vez de uma banda que vem surpreendendo e ganhando moral com os brasileiros: os finlandeses do Beast in Black. O público compareceu em peso ao palco Sun e ninguém ficou parado ao som de Sweet True Lies, One Night in Tokyo e outras peças de um heavy metal despretensioso, dançante e regado a batidas eletrônicas, que encaixou muito bem em um festival open air.

Era hora de retornar à praça dos maiores palcos, para o circuito principal do dia. Com um palco bem produzido e mesclando hits de várias fases da carreira, o Kreator não deixou pedra sobre pedra. Mille Petrozza (vocal e guitarra) comandava as hordas do caos como um maestro, enquanto o mosh comia solto com Enemy of God, Hate Über Alles, Violent Revolution, Pleasure to Kill e outros petardos, em um dos melhores shows do festival.

Foto: MH ARTS

Com uma proposta sonora diferente, mas o mesmo domínio de palco, o Avantasia levantou emoções da multidão, que cantava em uníssono cada um dos refrãos melódicos da banda, tais como Dying for an Angel, Avantasia, Farewell e Sign of the Cross. Tobias Sammet (vocal), como grande showman que é, sabe abrir espaço para o protagonismo de seus vocalistas convidados, com destaque para a potência dos gogós de Ralf Scheepers (Primal Fear) e da backing vocal Adrienne Cowan, que brilhou ao interpretar Book of Shallows com guturais.

Foto: MH ARTS

Como diria o poeta: por fim, o final. A banda do momento, um gigante que já ocupa posições de headliner nos maiores festivais do planeta, o Parkway Drive soltou uma bomba atômica sobre o Memorial. Com o jogo ganho desde a primeira nota, os australianos provaram que são uma força da natureza, uma banda no auge e que leva a sério o que faz. Enquanto a avalanche se desencadeava com Glitch, Prey, The Void, Karma, Vice Grip e outras tijoladas que misturam diversas escolas do metal, o extasiado público respondia com um dos moshs mais insanos do festival.

Assim, com sorrisos estampados por toda parte e a certeza de que ninguém saiu insatisfeito, encerrou-se a primeira edição brasileira do Summer Breeze. Apesar de algumas oportunidades de melhoria, como a confusa venda da área premium (Summer Lounge), o que se viu foi um evento memorável com shows espetaculares, potência e qualidade de som, experiência completa, um lineup diversificado e aquela atmosfera de um verdadeiro festival de heavy metal, que aposta firme no estilo e não depende dos mesmos velhos headliners de sempre para obter sucesso. O Brasil precisa do Summer Breeze. Esse festival é “o brabo”, bicho!

1 comentário em “Summer Breeze Brasil encerra primeira edição provando que não depende dos velhos headliners de sempre”

  1. Texto maravilhoso e fidedigno com o sucesso do evento! Viajei nas linhas da resenha e revivi cada momento de cada show descrito por Ciro Santos! Parabéns pela resenha,soube capturar o espírito do Summer Breeze e transcrever com maestria. Quem não foi,com certeza se imaginou lá lendo essa resenha!

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