Strippers transformaram Pour Some Sugar On Me em sucesso e salvaram a carreira do Def Leppard

Não é exagero dizer que o Def Leppard foi ao inferno e voltou com o álbum Hysteria, de 1987. Ao longo de três anos de sessões interrompidas, um produtor demitido e um azar implacável, o quarto álbum da banda custou cerca de cinco milhões de dólares desde o momento em que a gravação começou teve início em 1984.

O custo emocional do disco, no entanto, ficou ainda mais caro, depois que um acidente de carro no réveillon de 1984 levou à amputação do braço esquerdo de Rick Allen. A banda foi forçada a um hiato, enquanto o baterista bravamente reaprendia a tocar em um kit eletrônico customizado.

No final de 1986, parecia que a provação finalmente havia ficado para trás. Enquanto Joe Elliott e o produtor Robert ‘Mutt’ Lange amarravam as pontas soltas da faixa Armageddon It, no Wisseloord Studios, na Holanda, o cantor pegou o violão que estava guardado na sala de controle.

“Para nós, essa era a faixa final”, lembrou Elliott, “então estávamos fazendo uma pausa de cinco minutos para um café. Mutt desapareceu e eu fui para a sala de controle e comecei a tocar essa música. Mutt voltou e perguntou o que era aquilo. Eu disse que era apenas uma ideia, nada demais. Ele disse: ‘Esse é o melhor gancho que ouvi em cinco ou dez anos. Devíamos fazer essa música com certeza’. E, claro, eu estava pensando que os caras não iriam topar fazer isso de jeito nenhum”.

“Nós terminamos o álbum e estávamos relaxando”, pontuou o guitarrista Phil Collen. “E já tínhamos passado tanto tempo do prazo para o álbum ficar pronto, então era como: ‘Ah, foda-se. Outra música que vai levar seis meses não’. Mas não demorou. Na verdade, demorou cerca de 10 dias, porque estávamos pegando o jeito”.

“O principal problema com Hysteria era que estávamos perdendo tempo com pessoas como [o produtor original] Jim Steinman. Foi o que realmente tomou tempo. Depois que Mutt se envolveu, foi bem rápido. Então, embora todo mundo tenha dito: ‘Oh, não há mais tempo de estúdio’, era óbvio que tínhamos que fazer isso”.

Conforme estavam trabalhando na nova música, o refrão de Elliott foi evoluindo. “Mutt Lange viu a introdução como um tipo de lick de guitarra country, tocada com os dedos”, recordou Collen. “Na verdade, não posso fazer isso, então Mutt disse: ‘Basta dar um espaço’. Então, coloquei esse riff principal nos intervalos. Foi realmente baseado em coisas de rap; não é uma música de rock padrão”.

Com Lange mantendo os impacientes executivos da gravadora longe do estúdio, Elliott, Collen, Allen, o baixista Rick Savage e o guitarrista Steve Clark concluíram a nova faixa, que agora tinha o título provisório, Pour Some Sugar On Me. De acordo com Elliott, a frase era uma “metáfora para qualquer preferência sexual”. Em total contraste com as outras faixas de Hysteria, o processo básico de gravação de Sugar levou menos de duas semanas.

Embora seja tentador presumir que Pour Some Sugar On Me foi um sucesso instantâneo, evidências concretas mostram o contrário. A música não foi considerada boa o suficiente para ser lançada como o primeiro single de Hysteria; em vez disso, seguiu Animal nas paradas do Reino Unido em outubro de 1987, alcançando um nada espetacular 18º lugar. “Quando a lançamos pela primeira vez na Europa, foi ignorada”, confirmou Collen.

Só no ano seguinte a gravadora dos EUA finalmente lançou Pour Some Sugar On Me como uma última tentativa de recuperar alguns dos enormes custos de produção do álbum. O resultado foi nada menos que um fenômeno, Pour Some Sugar On Me ficou popular na MTV e levou o single ao segundo lugar nos Estados Unidos, ajudando Hysteria a chegar ao topo da parada de álbuns.

“A música se tornou um sucesso porque as strippers da Flórida começaram a pedir na estação de rádio local”, declarou Collen. “Ela teve uma segunda chance. Hysteria estava por toda parte, e então, de repente, essa música se tornou popular, e o álbum foi para o número um. É muito engraçado como de repente ficou legal porque era uma música de striptease”.

“Ainda me divirto com isso”, acrescentou Collen. “Por alguma razão bizarra, na América as mulheres parecem se sentir obrigadas a tirar a camisa quando tocamos Pour Some Sugar On Me”, finalizou.

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