Síndrome de rockstar: 7 músicos que arruinaram o sucesso de suas carreiras

O livre arbítrio é essencialmente a faculdade de escolher, por si mesmo, o caminho a trilhar. É uma prerrogativa aplicada a todos nós, sem exceção. Dito isso, somos, sem dúvida, os agentes e idealizadores da nossa própria felicidade ou do nosso sofrimento.

E intimamente conectado à essência do livre arbítrio está um ditado bem usado pelos vovôs e vovós: “A semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória”. E claro, tal premissa é absolutamente imposta a todos os habitantes do planeta terra.

Mas que diabos isso tem a ver com um artigo voltado para o tema musical? Bem, definitivamente tudo, pois são praticamente infinitos os exemplos do livro arbítrio sendo muito bem empregado na área musical, com músicos conduzindo suas respectivas carreiras e vidas com total responsabilidade, zelo, prudência e carinho.

E vemos também, infelizmente, o outro lado da moeda, com uma turma usando e abusando da negligência, relaxo e desmazelo como diretrizes de suas respectivas carreiras e vidas.

Isso posto, vamos recordar 7 músicos que já tiveram a faca e o queijo na mão, mas colocaram tudo a perder por motivos tolos e fúteis, e vagam, pelo menos artisticamente, nas trilhas medíocres do insucesso.

Paul Di’Anno – ex-Iron Maiden

O vocalista Paul Di’Anno foi um dos atores de um dos maiores movimentos da música pesada dos anos 80, a New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM). Di’Anno foi a voz dos dois primeiros discos da Donzela de Ferro: Iron Maiden (1980) e Killers (1981), mas colocou tudo a perder com a famigerada síndrome de rockstar, que é dar espaço a incontáveis comportamentos erráticos e abusos de substâncias ilícitas.

E é óbvio que Paul precisou passar no setor de recurso humanos mais cedo do que se podia imaginar e, claro, deixar o Iron Maiden. Desde então, o desmazelo com sua saúde e carreira foi a tônica de sua existência. Osteoporose, sepse, abcesso, MRSA e problemas no joelho são alguns dos desafios enfrentados pelo cantor ao longo dos últimos anos. Atualmente, o músico tenta reerguer sua saúde e carreira, mas é fato que ganhou na loteria e perdeu tudo para a síndrome de rockstar.

David Ellefson – ex-Megadeth

O baixista sempre foi o ajudante de ordem de Dave Mustaine, dessa forma fora braço direito do vocalista e guitarrista para a criação do Megadeth. A dupla fez história nos anais da música contemporânea com discos seminais como Rust in Peace (1990) e Countdown to Extinction (1992).

Em 2002, David deixou o grupo e só voltou em 2010. Desde então, Ellefson vinha fazendo seu trabalho de forma séria e equilibrada, contudo, o músico, que já está bem perto dos 60 anos, tomou uma atitude digna de adolescente inconsequente, que fora gravar vídeos íntimos seus e, supostamente, enviar esses registros a uma menor de idade.

A demissão do Megadeth, obviamente, veio de forma galopante; hoje em dia, o baixista atira para todos os lados na esperança de que um de seus inúmeros projetos musicais vingue e lhe conceda algum sucesso comercial.

Peter Criss – ex-KISS

Seguramente, Peter fora uma das mentes que ajudou a dar vida à banda mais quente do mundo! O playing suingado de Criss, com forte referência ao jazz, foi um dos diferenciais do KISS e favoreceu um sabor musical único ao grupo.

Infelizmente, Peter sucumbiu às famigeradas armadilhas do universo musical que são as drogas e álcool. A alta cúpula do KISS, que é formada por Gene Simmons (baixo e vocal) e Paul Stanley (vocal e guitarra), deram mil e uma chances para que Criss ajustasse a bússola de sua vida pessoal e profissional e, decerto, voltasse ao KISS, contudo, o músico cedeu às imposições do vício, o que o fez perder um dos trabalhos mais legais do planeta.

Na época atual, o baterista vive de fazer shows esporádicos, meet & greet e aparições em eventos voltado ao KISS. Uma realidade bem triste para quem foi um dos co-criadores de uma das bandas mais consagradas do rock.

Ace Frehley – ex-KISS

O caso de Ace é praticamente um CTRL C e CTRL V de Peter Criss, já que também foi convidado a passar no RH diversas vezes, diga-se de passagem, por conta dos infinitos desajustes e abusos. Gene Simmons já afirmou com todas as letras que a dupla não está atualmente na banda, devido a seus respectivos comportamentos desregrados e amadores.

Frehley ainda consegue manter sua carreira solo ativa, lançando, inclusive, trabalhos de estúdio com certa regularidade, ou seja, não depende integralmente da bengala de ser um ex-membro do KISS. Apesar disso, numa simples olhadela em sua carreira, é evidente que o músico perdeu muito mais do que ganhou, o que é uma pena.

Marilyn Manson

Em cada década, a mídia hegemônica escolhe um bode expiatório para despejar todo seu preconceito, hostilidade e aversão. E é fácil, fácil perceber que a conta geralmente tomba no colo do rock n’ roll e heavy metal. Na década de 1990, a bola da vez foi o Marilyn Manson; o cantor era uma péssima influência à imaculada sociedade norte-americana e uma ameaça aos cidadãos de bem.

Apesar das adversidades, o músico conseguiu surfar bem no momento e trouxe holofote a sua música, assim, alguns discos como Antichrist Superstar (1996), Mechanical Animals (1998) e Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death) (2000) gozaram de relativo prestígio.

Para um músico tido como inimigo número um de grande parte da sociedade, o sucesso alcançado fora imenso, contudo, o comportamento insano, desvairado e agressivo fora dos palcos garantiram inúmeros processos e investigações. O cantor fora acusado de torturar fisicamente e psicologicamente ex-namoradas.

Por mais que esteja lutando na justiça para provar sua inocência, Brian Warner – nome verdadeiro do músico – deu vida a Marilyn Manson fora dos palcos; o personagem saiu da seara do entretenimento e show business para vida real. Não precisa ter um prêmio Nobel em física quântica para constatar que vai dar problema. Agora, o cantor tenta desesperadamente colar os cacos de sua carreira e ter algum tipo de relevância e notoriedade na música.

Steven Adler – ex-Guns n’ Roses

O resumo da ópera é o seguinte: Adler foi expulso do GNR por enfiar o pé na jaca demais! Vamos refletir por um instante sobre a frase anterior, pois Steven conseguiu a façanha de chegar a um nível ainda maior de insanidade que Axl Rose, Slash e companhia, o que os faziam parecer monges tibetanos. Isto é, precisa de muito, muito talento na arte de fazer merda para dar um verniz de sensatez a Rose.

Durante a turnê de divulgação de Appetite for Destruction, Adler sucumbiu aos demônios da estrada como drogas e álcool, e é claro que suas performances foram afetadas, pois atrasava e faltava aos shows, o que atrapalhou a agenda do grupo, que chegou, pois, cancelar apresentações, devido ao estado lamentável do baterista.

No começo dos anos 90, a banda deu um cartão vermelho a Steven, e o que estava ruim acabou ficando ainda pior, já que a demissão serviu como justificativa para se afundar ainda mais nos vícios. O músico chegou a ter vinte e oito overdoses e um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que paralisou parte de seu rosto. Além disso, passou um tempo no xilindró por agredir duas mulheres.

Em suma, Steven Adler deu vazão ao seu ímpeto autodestrutivo, flertou com a morte infinitas vezes, foi demitido de uma das maiores bandas de rock da história e nunca mais se firmou na cena musical profissional. Anos atrás, fez audição para o AC/DC, mas não rolou; hoje em dia, o baterista toca no circuito de bares e casas de shows pequenas nos Estados Unidos.

Max Cavalera – ex-Sepultura

Imagina a seguinte cena: Festa de lançamento de seu disco no Brasil; evento repleto de amigos e familiares, mas o vocalista do grupo, que é mineiro, nascido em Belo Horizonte, só se comunica com os convidados da festa, que são em grande maioria brasileiros, em inglês. Isso é no mínimo patético e mostra o quão ridículo uma pessoa pode chegar. Bem, o protagonista de tal cena caricata, como dá para perceber pelo tópico da matéria, foi Max Cavalera.

O Sepultura vinha num movimento ascendente com Arise (1991) e Chaos A.D. (1993), e o ápice criativo veio com Roots (1996). Nessa ascensão, Max foi rendendo-se às efemeridades da fama; começou acreditar, influenciado talvez por vozes alheias, que era a estrela do grupo. O músico caiu no canto da sereia e foi o astro de cenas e momentos constrangedores.

Fama, álcool, drogas, dinheiro e conselhos desastrosos ajudaram a implodir a relação entre Max e os outros integrantes do Sepultura. O vocalista e guitarrista deixou o grupo no auge da popularidade e resolveu seguir carreira por conta própria, que nunca alcançou um terço da glória de outrora.

Max teve o mundo em suas mãos, foi o frontman de uma das bandas mais originais e importantes da cena metal dos anos 90, mas jogou tudo para o alto ao acreditar nas sandices de línguas venenosas e ao ceder aos impulsos da síndrome de rockstar. Atualmente, o músico, acompanhado do irmão, toca em pequenas casas de show, e o repertório é quase integralmente composto por canções do Sepultura.

22 comentários em “Síndrome de rockstar: 7 músicos que arruinaram o sucesso de suas carreiras”

  1. Até hoje Max Cavalera diz que ele e o irmão são o verdadeiro sepultura, se isso é verdade ou não é outra história, infelizmente isso não traz a ele nenhuma melhora na sua já não muito boa reputação

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  2. O kit drogas e/ou álcool não é uma boa receita para o sucesso, salvo algumas raríssimas exceções! Para muitos a “conta” da derrota na carreira ou vida pessoal devido a esses excessos chega mais rápido do que a ressaca! E para alguns a “conta” demora, mas não falha.

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  3. Max saiu do Sepultura e formou o Soufly, e ainda toca em grandes festivais. O Sepultura atual também não é o mesmo de outrora. Max foi pego pela síndrome de rockstar, mas foi o único a dar a volta por cima.

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  4. Menção honrosa à triste história de Andy Wood do Mother Love Bone, pra mim o maior dentre os frontman que nunca tivemos. Uma grande figura, talentoso e cheio de carisma que tudo indicava estar em franca ascensão, pronto pra experimentar um grande sucesso. Acabou desperdiçando tudo (e da meneira mais trágica, aos 24 anos) por causa do vício.

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  5. Na verdade o Ace não foi convidado a passar no RH ele apenas saiu da banda por falta de espaço e que Gene e Paul não dava para ele e além disso após o desastre de Music From Elder Ace estava totalmente depressivo por estar na Banda a saída dele foi uma decisão única dele e não do Paul e Gene.

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