Rock In Rio: Noite Dedicada Ao Metal Estremece Público Na Cidade Do Rock

Ame ou odeie! Mas nada muda o fato de que o Rock in Rio é o maior festival musical de nosso querido Brasil. E a oitava edição do Rock in Rio em terras cariocas, que está acontecendo nos dias 27, 28 e 29 de setembro e 03, 04, 05 e 06 de outubro, recebeu ontem (04) a noite dedicada única e exclusivamente ao rock & metal. Com atrações escolhidas a dedo como Scorpions, Iron Maiden, Helloween, Sepultura, Slayer, Anthrax, Torture Squad & Claustrofobia + Chuck Billy (Testament) e Nervosa, o que não faltou foi som pesado.

Palco Sunset

O Sol não deu trégua em nenhum instante, no entanto, não fora páreo em tentar diminuir, tampouco conter a energia dos cem mil headbangers que lotavam a Cidade do Rock. Os trabalhos no Palco Sunset começaram com o trio poderosíssimo das meninas da Nervosa, que defenderam com unhas, dentes e batom vermelho seu avassalador thrash metal. Porradas na orelha como Horrordome, Enslave, Raise Your Fist! e Death! deram o recado do quão bem representado está o metal brasileiro.

Foto: Marcelo Paixão / Divulgação Rock in Rio

E por falar em bem representado, os pioneiros do Torture Squad e Claustrofobia são prata da casa e dividiram o palco, mostrando um incrível entrosamento e um repertório sem piedade aos ouvidos alheios. As bandas se alternaram no palco, com isso, Torture Squad atacou com Blood Sacrifice, Raise Your Horns e Horror and Torture. Já o Claustrofobia disse a que veio em músicas como Peste, Bastardos do Brasil, Metal Maloka.

Todavia, a cereja do bolo estava reservada para o final, onde as duas bandas se uniram no palco e convidaram a lenda do thrash metal norte-americano, Chuck Billy, do Testament, para uma jam. E foi nos clássicos do Testament como Disciples of the Watch, Practice What You Preach e Electric Crown que Chuck, com sua voz de trovão, colocou o mundo abaixo. Em uma única palavra: memorável!

Foto: Renan Olivetti / Divulgação Rock in Rio
Foto: Wesley Allen / Divulgação Rock in Rio

Já que o thrash metal era a língua vigente no Palco Sunset, o veterano e energético Anthrax não poupou ninguém ao emendar um hit atrás do outro, com isso, hinos como Caught in a Mosh, Madhouse, I Am the Law, Antisocial, que é um cover do Trust, e Indians, que contou com a participação de Chuck Billy, fizeram a terra tremer. Simplesmente épico!

O apocalipse na terra foi instaurado quando o atroz Slayer começou, sem piedade e ou misericórdia, seu set. Jurando de pé junto que essa será sua derradeira turnê, o grupo repassou sua irrepreensível e incrível carreira em maravilhosas desgraceiras como Repentless, War Ensemble, Seasons in the Abyss, Hell Awaits, Raining Blood e Angel of Death. Caso seja consumado o apagar de luzes do palco do Slayer, o grupo se retira de cena com dignidade, excelência e sem abrir, em suas quase quatro décadas de atividades, concessão alguma em relação ao seu som e a sua postura.

Foto: Renan Olivetti / Divulgação Rock in Rio

Palco Mundo

E não pense que o thrash metal fora uma exclusividade do Palco Sunset, pois não fora bem assim. O grande Sepultura trouxe a urgência e o quê de inferno ao Palco Mundo em músicas como Arise, Territory, Inner Self, Roots Bloody Roots e Refuse/Resist, que teve um enxerto de Carry On, da banda Angra, sendo uma homenagem ao saudoso vocalista Andre Matos que, infelizmente, faleceu no dia 08 de junho deste ano.

Foto: Schlaepfer / Divulgação Rock in Rio

A expectativa para o show do grupo alemão Helloween só passou quando as primeiras notas de I’m Alive ecoaram pelos PAs. Daí para frente foi só alegria para os fãs que se acotovelaram para assistir a precursora banda do power metal fazer seu impecável espetáculo.

No melhor estilo ‘best of’, o Helloween não teve nenhum trabalho em conquistar o público, então, foi só curtir e cantar junto em temas seminais como Dr. Stein, Eagle Fly Free, Ride the Sky, How Many Tears, Power, A Tale That Wasn’t Right, Perfect Gentleman, Future World e I Want Out. A única ressalva no show do Helloween foi uma insistente oscilação e chiado no som, entretanto, não fora capaz de depreciar a aula de power metal alemão que o vocalista Michael Kiske & Cia deram aos brasileiros.

Foto: Diego Padilha / Divulgação Rock in Rio
Foto: Renan Olivetti / Divulgação Rock in Rio

O Iron Maiden, que foi, claro, o ‘headliner’ da noite e está na divulgação de sua nova turnê, intitulada Legacy Of The Beast, entrou no palco para sua terceira participação no Rock in Rio com o apoio de cem mil vozes como coro. Com uma produção de palco irretocável e uma performance beirando à perfeição, a Donzela de Ferro atacou com as já manjadas Aces High, The Trooper, The Wicker Man, Hallowed Be Thy Name, 2 Minutes to Midnight e Run to the Hills.

O diferencial desta turnê fora que o grupo britânico reintegrou ao seu repertório canções clássicas como Where Eagles Dare e Flight of Icarus e sons da era Blaze Bayley como The Clansman e Sign of the Cross. Com quase duas horas de apresentação, o Iron Maiden legitimou, mais uma vez, sua posição de vanguarda no universo heavy metal, deixando o palco com um maravilhoso gostinho de quero mais.

Foto: Diego Padilha / Divulgação Rock in Rio
Foto: Diego Padilha / Divulgação Rock in Rio

O cansaço já batia à porta, mas não tem como fazer corpo mole quando o assunto é Scorpions. Com a responsabilidade de colocar o ponto final no dia do metal, os alemães fizeram uma apresentação segura, privilegiando hinos como The Zoo, Blackout, Big City Nights, Rock You Like a Hurricane, Wind of Change, Send Me an Angel, Still Loving You e o medley com Top of the Bill / Steamrock Fever / Speedy’s Coming / Catch Your Train, que levantaram o público e garantiram o coro de milhares de vozes.

Já as instrumentais Delicate Dance e Coast to Coast e o solo de baterista de Mikkey Dee deram uma esfriada na galera, entretanto, não colocou em risco o show dos alemães. O vocalista Klaus Meine, que já está com setenta e um anos, mostrou incrível carisma e presença de palco, além disso, homenageou os cariocas com uma palhinha de Cidade Maravilhosa.

Foto: Marcelo Paixão / Divulgação Rock in Rio
Foto: Marcelo Paixão / Divulgação Rock in Rio

Depois de mais de doze horas de músicas e infinitos riffs e solos de guitarras, a maratona de show no dia do metal tinha chegado ao fim com a bela queima de fogos no Palco Mundo. É incrível como o Rock in Rio se supera a cada edição, aumentando seu espaço para 385 mil m², comportando com conforto os cem mil pagantes para que possam curtir o máximo as atrações do Palco Sunset e Mundo, claro, e o que rola em NAVE – Nosso Futuro é Agora, Fuerza Bruta, Gameplay Arena, Rota 85, Palco Highway, New Dance Order, Rock District, Espaço Favela, Rock Street Asia, Palco Supernova e a Gourmet Square. Além disso, as opções de lazer, entretenimento e alimentação saltam os olhos e há para todos os gostos e bolsos. Bem, a contagem regressiva para a próxima noite do metal no Rock in Rio 2021 já está valendo a partir deste momento e nos vemos lá.

Por Marcelo Prudente
Colaboração: Livia Teles

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