Red Hot Chili Peppers faz show morno e sem interação com o público em Porto Alegre

O ano era 2000! Com 14 anos, eu fui apresentado ao Red Hot Chili Peppers; o sucesso estrondoso do álbum Californication (1999) catapultou a banda para todas as rádios e sua presença era constante na extinta MTV.

O ano seguinte. 2001, foi de retorno do festival Rock In Rio e lá estavam eles fazendo o encerramento do festival. Em 2002 outro grande sucesso, o álbum By The Way manteve o grupo em destaque na mídia e os trouxe novamente ao Brasil.

Naquele ano aconteceu estreia em Porto Alegre, mas foi apenas 21 anos depois que tive a oportunidade de conferir uma apresentação ao vivo do RHCP.

A Arena do Grêmio foi o palco deste esperado reencontro com os gaúchos e o público não decepcionou. Um estádio lotado esperava o quarteto, a propósito. Antes da atração principal, o Ironton, até então desconhecida pela maioria, mostrou uma mistura de ritmos e cadência que combina muito com o estilo dos artistas principais da noite, além disto, conseguiu fazer um aquecimento de respeito.

Passados alguns minutos das 21h as luzes se apagaram e surgiu no palco os lendários Flea (baixo), Chad Smith (bateria) e John Frusciante (guitarra). Uma jam entre o trio animou os presentes e trouxe à tona o que seria visto nas quase duas horas seguintes: muito ritmo, soul, funk, virtuosismo e interação entre os músicos.

Ao final da jam, a linha de baixo de Flea deixou claro o que viria Can´t Stop! Anthony Kiedis (vocal) se juntou ao trio e deu início ao show. Um dos grandes clássicos da carreira, Scar Tissue, veio logo na sequência e foi cantada a plenos pulmões pelas mais de 30 mil vozes presentes no estádio.

Depois disso, o grupo sacou uma canção de seu trabalho de estúdio mais recente do grupo, Unlimited Love – a escolhida foi Here Ever After.

Quando parecia que teríamos a primeira interação entre Kiedis e a plateia, se viu uma conversa rápida do cantor e Frusciante, que pediu para tocar algo que tocaria em seu casamento. John tocou Terrapin, de Syd Barret.

A sequência de músicas chegou com zero interação com os presentes. Passando por vários álbuns, o público ficou morno, assim como a banda, que executou Eddie, Parallel Universe, Soul to Squeeze, Me & My Friends, Strip My Mind e Tippa My Tongue sem um pingo de motivação.

O público só voltou a responder e se conectar com o show quando o grupo apresentou Tell me Baby, que fora seguida pelo hit Californication. Todavia, nada pôde se comparar à reação do público quando By The Way ganhou os PA’s; sem dúvida, foi o ponto alto da noite.

O bis veio com Sir Psycho Sexy e o mega clássico Give It Away fechando com chave de ouro o setlist.

Encerrado o show, a banda saiu do palco mais uma vez sem interação; aliás, essa foi a marca da apresentação.

O quarteto ficou reunido entre si como se fosse um ensaio e ignorou a presença dos milhares de fãs que lotaram a Arena do Grêmio.

Contudo, no palco, durante a apresentação, se viu aquilo que já testemunhamos muitas e muitas vezes em vídeos: um Flea teatral, um Chad irrepreensível, um John focado em seu instrumento e Kiedis sem camisa exibindo o seu físico.

Em uma noite extremamente quente, o Red Hot Chili Peppers foi apenas morno. A falta de interação com o público beirou o desrespeito. Claro que os fãs do grupo ficaram satisfeitos com as músicas apresentadas ao vivo, mas um encontro com o seu público deveria criar uma conexão muito mais profunda, o que não aconteceu, infelizmente.

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