Radar RockBizz: Sepultura do Brasil do melhor ao pior

Olhar para a história do Sepultura, é olhar para a cena heavy metal brasileira em sua forma mais pura. Muitos grupos vieram antes e depois dos caras, mas rigorosamente nenhum conjunto conseguiu o êxito e a proeza de atuar e, ao mesmo tempo, ser vanguarda na cena pesada estrangeira, na casa dos gringos.

De Korn a Slipknot, de Hatebreed a Gojira, a lista de bandas que beberam – e bebem – na fonte brasileira é enorme; o híbrido de thrash/death metal e nuances e dinâmicas latinas é reverenciado por nomes como Corey Taylor, Dave Grohl e Jonathan Davis.

Sendo assim, de certo modo, a vasta discografia do Sepultura pode parecer assustadora para o público não iniciado, portanto, propomos um mergulho na carreira do quarteto, apontando o que vale conferir e o que pode ficar, digamos, para depois.

Comece com: Chaos A.D. (1993)

Como diria Jigsaw, personagem da franquia Jogos Mortais: ‘Que os jogos comecem’! Bem, se é para começar, então que seja com os dois pés na porta. O quinto registro de estúdio da banda marcou de vez o nome Sepultura como uma potência mundial do metal. O som é uma amálgama de metal, hardcore e música brasileira, ou seja, é o Sepultura em seu estado mais puro. Faixa de destaque: Refuse/Resist.

Depois experimente: Quadra (2020)

Após saborear o material noventista, vale dar um salto na linha do tempo e curtir o mais recente registro de estúdio do quarteto, o Quadra. É interessante contemplar o quão madura, expansiva e técnica se tornou a arte da banda.

Se fosse um conjunto picareta, as canções seriam um Ctrl+C e Ctrl+V de outrora, contudo, neste trabalho, a turma conseguiu manter a identidade e caminhar por novas trilhas. Faixa de destaque: Guardians of Earth.

Não perca: Machine Messiah (2017)

O material lírico e trabalho gráfico giram em torno da robotização da nossa atual sociedade, porém, longe dessa pegada mecânica do conceito do disco está a performance dos músicos, pois vibram criatividade, energia e peso.

A produção quente e viva de Jens Bogren permite que o repertório ganhe ainda mais potência no player dos fãs. Faixa de destaque: Phantom Self.

Também recomendamos: Beneath the Remains (1989)

Se quiser sentir como era o trabalho dos meninos na década 1980, quando começaram a se descolar do thrash/death metal estrangeiro, Beneath the Remains é a pedida mais que certeira.

O material ainda possui uma crueza atroz, no entanto, é possível perceber a vontade de Andreas Kisser (guitarra) e Cia em expandir as fronteiras musicais e desmamar de Venom, Celtic Frost, Slayer, Possessed e afins. Faixa de destaque: Inner Self.

Vale a pena escutar: Arise (1991)

O disco oferece ao ouvinte uma base do que o Sepultura se transformaria nos anos seguintes: a vanguarda do groove metal. A paleta musical é diversificada, já que há, por exemplo, espaço para ritmos acelerados e cadenciados.

Além disso, o trabalho de guitarra é mais profundo, o que é perceptível em uma breve passada de ouvido nos três singles Dead Embryonic Cells, Under Siege (Regnum Irae) e a música tema do álbum. Faixa de destaque: Dead Embryonic Cells.

Fora da curva: The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (2013)

O título do álbum é bacana e o quê sombrio que permeia todo o tracklist pode soar interessante, dependendo de seu estado de espírito. Porém, no resumo de ópera, a audição é morosa e não há nenhum momento em que você se pega aumentando o volume do player de modo instintivo.

O disco soa como se o Frank Zappa tivesse se embrenhado pelas vielas do metal, ou seja, o material é meio caótico e difícil de penetrar; tem que estar bastante alinhado a este tipo de som para sacar tudo que The Mediator… tem a oferecer. Faixa de destaque: The Age of the Atheist.

Evite: A-Lex (2009)

Inspirado no livro de Anthony Burgess, Laranja Mecânica, A-lex é uma obra rica em texturas, camadas sonoras e experimentações, tal qual o romance distópico lançado nos anos 1960.

Porém, a viagem musical é exaustiva e, vez ou outra, pinta aquela vontade de mudar para a próxima faixa na esperança de ver o disco decolar, coisa que não acontece em nenhuma de suas dezoito canções. Faixa de destaque: We’ve Lost You!.

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