Power Metal: Ascensão, Apogeu, Decadência e Redenção – Parte 1

A excelência de um roteiro dramático está intimamente ligada à trajetória do protagonista e o quão bem narrada e apresentada é sua história, tendo como pano de fundo, claro, sua origem, ascensão, apogeu, decadência e, por fim, sua redenção. Outras facetas culturais podem, sem pudor e ou constrangimento, se apropriarem de tal jornada e exibir com orgulho as suas fábulas ou crônicas. Dito isso, o nosso objetivo é percorrer, tal qual um roteiro dramático, a trama por trás do amado/odiado subgênero do heavy metal, power metal.

Ascensão

Cenário 1.1

O cenário musical do final da década 1970 passava por grandes transformações, fervilhando vários atores na seara do rock n’ roll e heavy metal. O punk, que é um estilo musical ancorado na atitude rebelde e indomável e no despojamento das canções, também testemunhava um protagonismo jamais pensado e ou pretendido, tendo na dianteira do estilo nomes como Ramones, The Clash, The Damned e Sex Pistols.

A extensão criativa da música praticada no fim dos anos 70 era tanta que na contramão do punk estava, por exemplo, outro importante personagem na concepção do power metal, que é a New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), que era, pois, representada por bandas como Iron Maiden, Saxon, Diamond Head, Tygers of Pan Tang e Angel Witch, que vinham fazendo as honras de serem a nova linguagem sonora. Além das novas ondas musicais, o classic rock à la Boston, Uriah Heep, Queen, Styx, Nazareth, UFO, Scorpions, Thin Lizzy e Rainbow seguia produzindo novas obras e servindo de gênese para o estilo que nasceria no começo da década de 1980.

Exórdio 1.2

A paisagem musical na aurora da década de 1980 era instigante e sedutora, já que novas vertentes davam seus primeiros passos, endossando, sem nenhuma reserva, em sua essência e DNA os sons produzidos nos anos anteriores. Um dos novos rebentos era o thrash metal norte-americano, que não se esquivou ou evadiu de mostrar sua descendência no já mencionado New Wave of British Heavy Metal, no entanto, as novas bandas, à época, como Metallica, Slayer, Exodus, Anthrax e Megadeth trataram de elevar a velocidade e o peso das músicas, além disso, o vocal vinha embalado em um sabor ácido e ríspido.

Do outro lado do Oceano Atlântico, na mesma época, o thrash metal alemão fora forjado a ferro, fogo e inúmeras canecas de Erdinger pelas bandas Sodom, Destruction, Tankard, Holy Moses, por exemplo. Assim, os grupos citados também despontavam como precursores de uma nova era musical, sendo, pois, um sopro de inovação ao mercado fonográfico e tendo de lambuja, diga-se, um papel crucial na criação e edificação do power metal.

Com todos os ingredientes musicais à disposição como a urgência, precisão e velocidade do thrash metal e as deliciosas e viciantes linhas melódicas propostas pelos grupos vanguardistas da NWOBHM, a jornada do power metal estava pronta para começar quando a intenção saiu do papel e virou a alquimia musical proposta por nomes como Running Wild, Helloween, Grave Digger e Rage.

Rapidamente, a nova proposta sonora fora incorporada pelo público, comprovando que a sacada foi certeira, o que fez o mercado capitalizar em cima da nova sensação fonográfica. Concomitantemente à implementação das novas cores musicais na Alemanha, o heavy metal brasileiro transcendia as suas fronteiras com a banda Viper, que era liderada pelo incrível e saudoso vocalista Andre Matos, sendo assim, o primeiro representante do power metal genuinamente made in Brasil… Continua

Deixe um comentário (mensagens ofensivas não serão aprovadas)