Patient Number 9 mantém características marcantes de Ozzy Osbourne e permite que convidados mostrem sua natureza

Existem alguns assuntos em que as opiniões se confundem com fatos. Dito isso, a proeza do Príncipe das Trevas, Ozzy Osbourne, estar na ativa até os dias de hoje é indiscutível e digna de louvor, afinal, sua trajetória de excessos dos mais variados tipos, formas e graus já garantiram o visto do cantor para próxima vida. A façanha de Osbourne ainda ganha proporções grandiosas com sua inquietação artística, já que lançou, numa janela de tempo de menos de dois anos, dois álbuns de estúdio.

Patient Number 9 é o novo trabalho do Madman, que chega com a árdua missão de tirar o gosto amargo e rançoso proposto por seu antecessor, o insosso e fraco Ordinary Man (2020). Apesar de manter o time base do disco anterior: Duff McKagan (baixo, Guns n’ Roses), Chad Smith (bateria, Red Hot Chili Peppers) e Andrew Watt (guitarra), Ozzy, astuto e sagaz como poucos na indústria fonográfica, decidiu chamar reforços para dar vigor, robustez e potência ao álbum, já que deixar apenas na mão do trio citado anteriormente seria o mesmo que pular de um precipício.

Patient Number 9 conta com inúmeras participações especiais como Mike McCready (Pearl Jam), Josh Homme (Queens Of The Stone Age), Tony Iommi (Black Sabbath), Jeff Beck, Eric Clapton, Robert Trujillo (Metallica), Taylor Hawkins (Foo Fighters) e Zakk Wylde (Black Label Society). A sacada de Ozzy funcionou bem, já que o disco mantém, apesar da extensa lista de convidados e diferentes personalidades musicais, a coesão e harmonia entre as canções.

Ainda há uma incessante tentativa de soar moderno, o que é supérfluo ao som e carreira do cantor, no entanto, atributos como riffs e solos poderosos, timbres venenosos das guitarras de Wylde e Iommi, linhas vocais grudentas e diversidade rítmica se fazem presente e garantem bastante profundidade ao álbum.

Há uma ótima mistura de versatilidade com coesão que pode ser percebida em sons como Degradation Rules, que conta participação do “riff master”, Tony Iommi, e God Only Knows, por exemplo. Ozzy declara sua essência em Immortal, já na “sabbathiana” Evil Shuffle, o Madman relembra seus tempos áureos no BS, onde a linha vocal acompanhava com propriedade o riff de guitarra.

Os arranjos intimistas de A Thousand Shades, que tem a participação do virtuoso Jeff Beck, e Mr. Darkness, com atuação certeira do Viking das seis cordas, expandem as paisagens sonoras do disco com saborosos solos de guitarra e linhas melódicas mais densas e obscuras.

Seria um crime não trazer holofote a Nothing Feels Right, pois traz a célebre assinatura musical de Ozzy, com a combinação perfeita de refrão pegajoso, que fará o ouvinte cantá-lo por semanas a fio, e solos virtuosos. Ozzy encerra Patient Number 9 com a rústica e bucólica Darkside Blues, que traz mais uma camada musical ao álbum.

Patient Number 9 é um trabalho ambicioso e ousado, pois reúne diversos genes musicais, o que poderia facilmente trazer ao álbum uma malquista confusão sonora. No entanto, Osbourne se certificou de manter suas características marcantes e permitiu que os convidados mostrassem sua natureza, o que talvez seja o maior êxito do disco.

Track listing de Patient Number 9:

01. Patient Number 9 (feat. Jeff Beck)
02. Immortal (feat. Mike McCready)
03. Parasite (feat. Zakk Wylde)
04. No Escape From Now (feat. Tony Iommi)
05. One Of Those Days (feat. Eric Clapton)
06. A Thousand Shades (feat. Jeff Beck)
07. Mr. Darkness (feat. Zakk Wylde)
08. Nothing Feels Right (feat. Zakk Wylde)
09. Evil Shuffle (feat. Zakk Wylde)
10. Degradation Rules (feat. Tony Iommi)
11. Dead And Gone
12. God Only Knows
13. Darkside Blues

Nota 7

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