Muse: Will of the People traz riffs e sintetizadores em uma trilha recheada de temas políticos e corações partidos

Não há como dizer que o Muse – formado pelo trio Matt Bellamy (vocal, guitarra e piano), Chris Wolstenholme (baixo, voz secundária e teclado) e Dominic Howard (bateria e percussão) – não é uma banda para lá de bem-sucedida. Se sua mistura de ritmos é motivo para algumas pessoas torcerem o nariz, o som diferente e inovador do grupo é responsável por uma legião de fãs ao redor do mundo. Com quase 30 anos de banda, Will of the People é o 9º álbum do grupo, com um tema conceitual bem definido, ele sucede o ótimo Simulation Theory, de 2018.

Abrindo com a faixa título, Will of the People lembra imediatamente o hit The Beautiful People, de Marilyn Manson. A faixa mostra em sua primeira frase o tom que embala as letras e a temática do trabalho. “Vamos empurrar os imperadores no oceano”. Se a “vontade do público” é essa, então a trilha sonora da revolução popular está nos temas deste trabalho. Riffs marcantes entram na cabeça e vão te levando dar uma balançada na cabeça. Com frases como: “a cada segundo a nossa raiva aumenta, a cada hora nossos números aumentam, vamos transformar sua nação em pedaços”, o recado está dado.

A segunda é Compliance, com teclados em destaque e uma levada um pouco mais eletrônica, traz o outro lado: os discursos de quem está no poder. “Só queremos sua complacência, não deixaremos que você se sinta perdido nunca mais, você não sentirá mais dor”. A faixa é um dos singles lançados antecipadamente e já faz parte do setlist do grupo.

Liberation é a cara do Muse! Com levadas calmas, a música vai crescendo a cada nota, prestes a atingir o seu máximo, baixa o tom e mantém o tom intimista novamente. A faixa mostra novamente quem está oprimido nos dias atuais mostrando uma resposta. “Você nos faz se sentir em silêncio, rouba nossas ondas de ar, mas o ar pertence a nós. Você nos faz reagir com violência, nos deixa sem saída com as costas na parede. Nós temos planos para derrubar você e pretendemos apagar os seus da história”. É o aquecimento para a música mais pesada do álbum e uma das mais pesadas do grupo, Wont Stand Down.

Guitarras distorcidas, afinação baixa e a voz forte de Bellamy empolgam. Já a letra de Wont Stand Down pode ter vários significados. Tem o tom de relacionamento emocionalmente abusivos, assim como a temática central das faixas anteriores, ficando para cada ouvinte entender o que ela significa. Frases como: “Nunca acreditei que eu iria ceder e deixar alguém pisar em mim. Você me enganou, pensei que eu era forte, mas você estava só me manipulando” e a resposta “Abri os meus olhos e contei as mentiras, agora está mais claro para mim, você apenas usa e é um abusador vivendo como um parasita”. O refrão “Não vou recuar, estou ficando mais forte. Não vou recuar, não sou mais uma propriedade. Não vou recuar, você me usou por tempo demais, agora morra sozinho” soa forte como a situação pede.

Não seria Muse sem uma faixa lenta, arrastada e em tom de tristeza narrando as dores que o amor pode causar. Ghosts (How Can I Move On) está lá e soa como uma carta aberta a todos que tem ou tiveram um relacionamento difícil de superar. “Como vou seguir em frente se todos que eu vejo falam de você? Como vou seguir em frente se as melhores coisas que tenho nós fizemos juntos?”

You Make me Feel Like Its Helloween soa quase como industrial. Em som animado e dançante, um órgão presente trazendo um tom macabro e 100% da identidade do grupo. A faixa recebeu um videoclipe inspirado em clássicos filmes de terror, com referências de todas as eras do cinema. A letra, novamente, apresenta tons de relacionamentos abusivos, como em “você me afasta dos meus amigos e minha família (…), quando você apaga as luzes, me sinto como em um dia das bruxas”.

A sequência vem com outro single lançado anteriormente. Kill or be Killed é bem pesada – para os padrões da banda -, com guitarras marcantes e letras no mesmo tom. “Nós tentamos, tentamos muito ser bons, mas o mundo nos compensa quando somos maus. O destino está me enlouquecendo, me forçando a matar ou ser morto”.

Verona e Euphoria lembram bastante o que o grupo apresentou no álbum anterior. Fechando o disco, a faixa We Are Fucking Fucked é um pouco diferente em geral do grupo, mas tem uma melodia agradável e em poucas audições está lá grudando na cabeça com seu refrão.

A letra mostra a realidade da maioria de todos nós. Estamos em “um jogo para perder, estamos na porta da morte (…) ooooh, oooh, oooh, estamos fodidamente fodidos! Longe de reinventar um gênero ou o som da banda, Will of the People faz o que deve ser feito. Agrada em cheio os fãs do grupo, mostra evolução e maturidade nas composições, mas sem fugir da identidade musical do grupo, apresenta refrãos marcantes que certamente estarão fixos nos shows do grupo e aumenta o nível de exigência em trabalhos futuros.

Track listing de Will of the People:

1. Will of the People
2. Compliance
3. Liberation
4. Won’t Stand Down
5. Ghosts (How Can I Move On)
6. You Make Me Feel Like It’s Halloween
7. Kill or Be Killed
8. Verona
9. Euphoria
10. We Are Fucking Fucked

Nota 9

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