Kadavar Mostra Seu Brilhantismo E Poderio Sonoro Aos Fãs Cariocas

A produtora Abraxas vem se destacando de forma muito satisfatória e oportuna ao promover eventos e shows como o realizado ontem (04) no Rio de Janeiro: a terceira edição do Hocus Pocus Festival, que é o festival anual de música psicodélica da cervejaria Hocus Pocus, que teve o lineup recheado pelo som do power trio alemão, Kadavar, e das bandas brazucas Galactic Gulag e Anjo Gabriel.

O tempo, às vezes, cisma torcer e atuar contra nós, e por tal motivo não conseguimos conferir o som do Galactic Gulag. Diferente da anterior, a apresentação do quinteto instrumental recifense, Anjo Gabriel, foi conferida na íntegra, com isso, pudemos checar todo o psicodelismo lisérgico aliado a boas doses de música latina e heavy metal impresso no som do grupo, que conquistou a atenção e simpatia de parte do público presente. Vale comentar que algumas arestas devem ser aparadas na música do quinteto, uma vez que passagens mais complexas e com forte colorido atonal soam um balaio incompreensível e deveras confuso ao ouvinte.

Com rápida troca de equipamento, o stoner rock regado a colossais porções de heavy metal logo ganhou as dependências do Cais da Imperatriz, ou seja, era o Kadavar metendo os dois pés na porta com Skeleton Blues, a primeira representante do novo álbum da banda, o ótimo Rough Times. Em uma briga digna aos titãs da mitologia grega, o público desafiava o poderio sonoro do trio alemão, que, lógico, respondia a altura de cada bramido dos fãs.

Foto: Livia Teles

A essência setentista percorre em cada riff, solo e melodia emitida pelo grupo, e faixas como a “sabbathica” Doomsday Machine; Pale Blue Eyes com seu quê à la Jimi Hendrix e a enigmática e obscura Into The Wormhole comprovam que o código genético dos anos setenta é genuíno na música dos alemães. Todavia, não pense o ouvinte que o grupo é um pastiche e desprestigiado por rememorar a arte de décadas passadas, pois personalidade é uma evidência na banda como fora a clara constatação em Die Baby Die.

Comentar sobre técnica de Christoph “Lupus” Lindemann (vocal e guitarra); Christoph “Tiger” Bartelt (bateria) e Simon “Dragon” Bouteloup é supérfluo e diminuto, visto que a energia, intensidade e exuberância de cada frase e riff na guitarra e baixo se harmonizam de forma espetacular com as levadas na bateria, gerando ondas sonoras capazes de seduzir e dominar todos os atentos ouvintes.

Foto: Livia Teles

Passeando por todo seu catálogo, o Kadavar levou os fãs cariocas à loucura com temas como The Old Man, Black Sun e Forgotten Past e fundamentou o porquê de cada turnê e álbum lançado amplificar consideravelmente sua relevância e prestígio no universo rock n’ roll.

No bis, a banda sacou a festejada Thousand Miles Away From Home e All Our Thoughts que é cru e visceral, relembrando, e muito, os primórdios de bandas como Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin. O ‘grand finale’ teve Come Back Life fechando a noite em ritmo mais festivo e acelerado.

Foto: Livia Teles

Com noventa minutos de um puro e legítimo stoner rock, o Kadavar fez a alegria dos fãs cariocas e mostrou que o panorama atual do rock n’ roll não é o deserto que alguns falsos gurus querem apregoar. Pelo contrário, existem, sim, no horizonte alguns oásis como o trio alemão que é capaz de dessedentar os fãs de bons riffs, melodias, solos e composições nesse instante e no futuro que despontará sob o nascer do Sol.

Foto: Livia Teles
Foto: Livia Teles