Difícil de engolir: 5 piores álbuns do heavy metal brasileiro

Cumprir o papel de um veículo de imprensa demanda algumas premissas que são inegociáveis e inexoráveis. Primeiro, respeitar o direito dos leitores à informação fidedigna, franca e exata. Não há espaço para meias verdades, tampouco interpretações subjetivas de pseudos fatos. Em segundo lugar, é a adesão irrestrita, integral e incondicional ao tema, neste caso à música, especificamente ao rock n’ roll e heavy metal, mas não a persona do músico para que a preservação e a continuação do livre critério da crítica seja uma das bases e alicerces do trabalho.

O propósito de um veículo de imprensa jamais deve ser pautado na promoção e edificação de ídolos e mártires artísticos. A história já provou mil e uma vezes que é uma cilada e desonestidade com o público que lhe prestigia diariamente. Dito isso, é com profundo respeito e serenidade que reiteramos o nosso compromisso em levar informação aos leitores de forma independente e soberana; sem a prejudicial e inadequada necessidade de pedir o consentimento e bênção a este ou aquele artista.

Em resumo, a informação e fato sempre serão os protagonistas de nosso trabalho. As críticas, ora ácidas e contundentes, ora brandas e discretas, a discos e bandas continuarão como cota-parte do trabalho. O ranger dos dentes, a espumação pela boca e o choro copioso são livres e se apega a eles o leitor e ou grupo e ou artista que julgar conveniente.

Balizas claramente determinadas e elucidadas, vamos refletir sobre 5 álbuns de metal de bandas brasileiras que são difíceis de engolir; discos os quais a lâmpada da criatividade explicitamente se apagou e transforma a audição numa via crucis.

Secret Garden – Angra (2014)

Há anos envolto a muito ti-ti-ti, dramas e polêmicas das mais diversas naturezas, a identidade musical da trupe foi para a cucuia! A parca coragem e capacidade em hastear bandeira em outras jurisdições musicais deixaram o grupo à margem de qualquer lampejo de genialidade. Seja pelo seu conceito insuficientemente elaborado, suas resoluções rítmicas, harmônicas e melódicas enfadonhas e a voz aguada do cantor Fabio Lione, Secret Garden não é capaz de sensibilizar e animar em nenhum minuto de sua audição.

Evocações dionisíacas de pseudo virtuosismo apenas soam como uma tentativa infrutífera de mascarar as abundantes fraquezas do disco. As participações especiais das vocalistas Simone Simons (Epica) e Doro Pesch (Doro) não foram capazes de maquiar o álbum com algum fulgor de brilhantismo. Tenha piedade de seus ouvidos e fuja de Secret Garden como diabo foge da cruz.

A-Lex – Sepultura (2009)

O grupo certamente direcionou sua música para lograr expansões a perder de vista, testando, assim, sua capacidade expressiva e criativa, o que sempre se revelou como um dos seus muitos ativos artísticos. Contudo, dosar a mão é necessário; caso contrário, a expansão sem uma linha mestra com o passado é um movimento em falso, quiçá fatal, capaz de asfixiar a obra artística.

A-Lex é uma tentativa frustrada de colocar o thrash/death metal da banda numa moldura à la Pink Floyd. Dentro dessa ideia esvaziada de bom-senso, o Sepultura patinou num limbo musical, pois fica léguas de distância do progressivo e firmemente apático na linguagem thrash.

Ampliar o espectro sonoro é benéfico, sobretudo se não deseja a obsolescência da música, mas é imperioso fazê-lo com parcimônia; quando não, o trabalho sai salgado e indigesto ao paladar.

Immortal – Shaman (2007)

No final de 2006, o Shaman operou uma mudança radical em sua carreira que fora comunicar uma pausa em suas atividades. O hiato, porém, se transformou no encerramento das atividades. Triste, mas assimilado pela maioria do público como uma ação necessária, visto que não havia clima entre os músicos.

No ano seguinte, nitidamente embalado no teor do filme The Return of the Living Dead (1986), o Shaman voltou ao páreo, todavia, numa versão deformada e aquém de suas capacidades. A autenticidade de outrora cedeu lugar a uma linguagem genérica e sem personalidade.

Immortal seria um disco plausível para qualquer grupo iniciante, entretanto, para um conjunto da importância e envergadura artística do Shaman, o trabalho ecoa como um punhado de ideias mal costuradas entre si, o que lhe imprime uma desagradável sensação de ter sido composto, arranjado e gravado às pressas. Uma coesão nas ideias poderia deixar o repertório menos rançoso, eventualmente com momentos de primazia.

Tem pra Todo Mundo – Viper (1996)

A inarticulada pretensão de soar como uma banda de punk rock de boutique norte-americana custou alguns anos no banco de reserva ao grupo paulistano de hard n’ heavy! Não pelo estilo em si, visto que já nos brindou com músicas incríveis. O calcanhar de aquiles de TPTM é, pois, a carência de ganchos açucarados, humor agridoce e refrãos grandiosos.

Algumas letras dão verniz de capricho ao disco, mas é uma falsa impressão, já que numa audição mais criteriosa é fácil captar as vaciladas da obra. Se Tem pra Todo Mundo tivesse abraçado de corpo e alma tal estilo, o resultado poderia ter sido mais convincente e respeitável.

Ømni – Angra (2018)

A ideia do viver eternamente dentro das obras e projetos realizados ao longo da vida é algo genuíno e significativo. O inconveniente, entretanto, se revela quando o legado é um álbum como Ømni. Ancorado na visão míope de que é um oásis numa imensidão desértica musical, o trabalho, na verdade, chafurda-se por inteiro nos disparates que orbitaram Secret Garden – vide considerações apresentadas na síntese do disco.

Não tem panaceia que ajude na digestão do repertório bolorento de Ømni! Nem a presença da imponente Alissa White-Gluz (Arch Enemy) admitiu um quê assertivo ao disco. Já a presença da cantora brasileira Sandy Leah repercute como uma presunçosa e fracassada tentativa de ampliar os horizontes artísticos.

E por falar em amplificação das perspectivas artísticas, tal pressuposto não pode ser validado como biombo para criar patetices musicais, e essa é a norma vigente no Angra há anos, infelizmente.

25 comentários em “Difícil de engolir: 5 piores álbuns do heavy metal brasileiro”

  1. Você é advogado ou formado em Direito? Sua escrita é muito truncada e demasiadamente rebuscada, o que acaba se tornando uma distração durante a leitura. Dito isto, concordo demais com todos os álbuns a exceção do A-Lex, que pra mim foi uma experimentação válida.

    Responder
  2. Faz tempo que não pego o dicionário pra entender tudo que estou lendo!!(parabéns)

    Dessa vez sou obrigado a concordar com tudo que escreveu…
    Até gosto de uma ou duas músicas do secret garden! Mas reconheço que não soa como Angra.

    O restante da lista é tudo classificado como tanto faz e ruim mesmo.

    Responder
  3. Meu Deus, ótimo texto e assino embaixo.
    Como diria o saudoso maestro: o Angra tem que acabar.
    Há anos não passa de uma banda cover dela mesma. E não é por falta de excelentes músicos, mas algo se perdeu no meio do caminho e até hoje ainda não conseguiram resgatar a essência da banda.

    Responder
  4. Interessante que dos 5 álbuns, 4 são de ex-bandas do André Matos sem a presença do próprio. É uma confissão de admiração pelo falecido cantor, algo do tipo “sem ele lá em algum momento fizeram m…

    Responder
  5. Falando genericamente alguns álbuns são mesmos complicados para a audiência . Nos como fãs até tentamos aceitar e entender e ouvimos e reouvimos por pura vontade de apoiar e achar o fio da meada . Na verdade muitas vezes os músicos fazem álbuns para agrado próprio e esquecem do público . Resta torcer por coisas boas no horizonte

    Responder
  6. Quem escreveu disse que o Secret Garden é ruim, e eu já vi músicos de alto gabarito elogiarem muito esse algum como um dos melhores da banda. Eu particularmente gostei demais desse álbum, e escuro vez ou outra ainda hj. Fico com meu gosto pessoal e a opinião de músicos profissionais que também gostaram.

    Responder
  7. Algumas bandas brasileiras são muito presunçosas, acho que esse é o problema num geral para vários desses discos. Os caras realmente se acham mega músicos complexos e modernos, assim eles tentam imprimir essa imagem nas músicas e no fim elas se tornam enfadonhas. Eles acham que estão reinventando a roda, inovando, mas no fim eles só estão pegando tudo que há de moderno nas bandas de metal progressivo dos últimos anos e misturando com o heavy metal clássico e com o estilo que se colocou no lugar de levar a frente o metal clássico, o Power Metal, que apesar dos membros do Angra negarem e até desdenhar em dos estilo, foi o elemento que mais enganou os fãs da banda até agora.

    Eu não acho que eles deveriam voltar a dar mais importância ao Power Metal nas composições como antes onde algumas músicas eram direcionadas a esse estilo e as que não eram, tinham em seu corpo linhas de Power Metal que funcionavam como a coluna de sustentação da música, mesmo a mais progressiva. Eles deveriam fazer só o que querem ao em vez de pagar pedágio aos fãs de longa data, mas eu não acho também que daria certo, assumir totalmente uma mudança total pro progressivo iria tornar a banda ainda menos relevante, além é claro de diminuir os ganhos.

    Responder
  8. Discordo completamente sobre o Angra, conheci a banda pelo Secret Garden e só aí fui procurar a discografia da banda, não é um Angels Cry e nem um Rebirth mas é um puta Álbum sim e melhor que o Aurora e o Aqua inclusive, melodias bem elaboradas com dinâmica, Rafael mais presente nos vocais.

    Responder
  9. N faz o menor sentido esse critica aos albuns do angra,o Angra cada vez evolui mais e mais a cada album ,vc fala q b acha tao bao agr q sao ruins é crime ja ,msm pra pessoasnq n curtem metal ,tecnicamente os albuns citados do Angra sao incriveis

    Responder

Deixe um comentário (mensagens ofensivas não serão aprovadas)