Coloca açúcar em mim: Hysteria adoçou e renovou a carreira de Def Leppard

Após a sequência energética promovida pela dupla On Through the Night (1980) e High ‘n’ Dry (1981), o Def Leppard começou uma guinada musical drástica em sua carreira. Joe Elliott e companhia perceberam, em relativo curto período de tempo, que para dar vazão à ambição da banda e dar um salto relevante na hierarquia do mercado fonográfico, medidas radicais deveriam ser tomadas o mais rápido possível.

A inocência artística foi perdida; contemplar a vista do topo da montanha do sucesso comercial era o objetivo mór. Sem os cacoetes sonoros emprestados de nomes como Thin Lizzy e T. Rex, a escalada ao mainstream começou em Pyromania (1983), obra que já sinalizou distinto direcionamento ao hard rock de arena e começou a figurar nas paradas de sucesso britânicas e norte-americanas.

Visualmente, os músicos também contemplavam os atributos para tal mudança de rota, visto que o visual de Joe Elliott (vocal), Phil Collen (guitarra), Steve Clark (guitarra), Rick Savage (baixo) e Rick Allen (bateria) passavam longe da tosqueira orgulhosamente apresentada por Motörhead, Venom e afins, tampouco flertavam com o quê satânico à la Black Sabbath. Os integrantes do Def Leppard estavam mais para filhinhos de papai e orgulho da família.

Alguns percalços aconteceram ao quinteto antes de dar vida a sua suprema obra musical. O grupo tentou trabalhar com o produtor Jim Steinman, porém os ideais não se alinharam; em seguida, a banda tentou produzir o seu quarto trabalho de estúdio por conta própria, mas acabou se enrolando no processo. 

Na mesma época, o baterista Rick Allen sofreu um terrível acidente de carro, e acabou perdendo o braço esquerdo. O músico precisou de bastante tempo para poder erguer sua saúde física e emocional e, consequentemente, poder voltar a trabalhar.

Sem o mal agouro das nuvens de azar do passado recente, o Def Leppard resolveu não perder mais tempo e entrou em estúdio com o produtor Robert John “Mutt” Lange; profissional que havia assinado os seus dois álbuns anteriores: os já citados High ‘n’ Dry e Pyromania.

Com o cristalino objetivo de soar mais comercial, o grupo usou e abusou de melodias cativantes, camadas e mais camadas de guitarra, bateria ultra processada e linhas vocais que provavelmente deixaram os maiores popstars da época espumando de inveja. Definitivamente, o molde musical do Def Leppard mudou radicalmente; o quinteto deixou de uma vez por todas o hard n’ heavy corpulento e vigoroso de outrora para o hard rock de arena.

Tal combinação sonora colocou a rapaziada no patamar dos grandes nomes do mercado fonográfico. Os britânicos estavam disputando as paradas de sucesso com nomes como Madonna e Michael Jackson. A ampliação de audiência foi praticamente instantânea, e o retorno financeiro fora sem precedentes aos jovens músicos.

Bancado por hits atemporais como Animal, Love Bites, Pour Some Sugar on Me e a faixa-título, Hysteria mostrou uma postura renovada e inteligente de quem tem a visão global do mercado fonográfico, sobretudo de quem quer estar no mesmo tabuleiro dos grandes. Def Leppard colocou um bocado de açúcar em seu som, mas o adoçou na medida certa, ficando, pois, muito saboroso.

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