Burn: 5 destaques do primeiro álbum do Deep Purple Mark III

Nos anos 70, a cena musical era composta por quem entendia do riscado: não existia estes milagrosos softwares de edição, que maquiam o tosco com verniz de genialidade. Além disso, a concorrência era a perder de vista, a todo momento tinha obras caprichadas pintando nas rádios, paradas de sucesso e radar do público.

Logo, mexer muito no time, principalmente quando se está ganhando o jogo, podia ser uma cilada danada e, até mesmo, mortal. Contrariando isso, o Deep Purple, por exemplo, iniciou as atividades com a equipe formada por Rod Evans (vocal), Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclado), Nick Simper (baixo) e Ian Paice (bateria), que lançou Shades of Deep Purple (1968), The Book of Taliesyn (1968) e Deep Purple (1969).

Porém, a partir de 1970, o segundo momento do grupo ganhou vida e fora composto por Ian Gillan (vocal) Ritchie Blackmore (guitarra), Roger Glover (baixo), Jon Lord (teclado) e Ian Paice (bateria).

Os frutos foram os mega clássicos In Rock (1970), Fireball (1971) e Machine Head (1972); trabalhos que rivalizavam acorde a acorde, riff a riff, solo a solo, com discos de outros pesos-pesados como Black Sabbath e Led Zeppelin.

Consequentemente, alterar tal delicada equação criativa poderia gerar resultados catastróficos, a despeito disso, o Deep Purple, por volta de 1973, entrou de corpo e alma em sua terceira encarnação, que foi bancada por David Coverdale (vocal), Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclado), Glenn Hughes (baixo e vocal) e Ian Paice (bateria).

Mantendo o núcleo sonoro intacto e se valendo dos predicados dos novos membros, o conjunto sacou da cartola Burn, o primeiro rebento do renovado quinteto, lançado em fevereiro de 1974.

Apesar das críticas dos fãs mais ortodoxos, que fizeram biquinho e se descabelaram pela ausência de Ian Gillan, o disco reservou ao ouvinte um repertório primoroso, que envelheceu muito bem, assim como um Cabernet Sauvignon.

Posto isso, queremos elencar 5 destaques de Burn, que atestam a procedência e a safra do oitavo registro de estúdio do Deep Purple.

1 – Burn

No riff pentatônico da música, Blackmore manda para bem longe a ideia de que a escala é simplista e sem sofisticação. Na verdade, prova que nas mãos certas o julgado como banal se torna uma joia rara.

2 – Sail Away

O ritmo bonachão é contagiante, o riff de guitarra arma acampamento na sua cabeça já na primeira audição. Mesmo assim, a ênfase vai para as linhas vocais de Coverdale e Hughes. Um primor de som!

3 – Might Just Take Your Life

O segundo single do álbum, que segue a cartilha do classic rock, é direto e cheio de energia, além disso, é recheado por predicados como riff certeiro e refrão melodioso. É para aumentar o volume e não se importar com as possíveis reclamações da vizinhança.

4 – Produção

Os próprios membros do Deep Purple ficaram na responsabilidade de produzir o disco, e o resultado ficou satisfatório. Geralmente, quando os músicos resolvem se meter no perigoso campo da produção, o produto final deve ser enterrado a sete palmos do chão.

Em Burn, os instrumentos estão bem timbrados, equalizados e costurados; talvez a presença do gênio Martin Birch na engenharia de som e mixagem tenha ajudado para o favorável resultado final.

5 – Capa

A arte do álbum foi criada pela agência de publicidade Nesbit, Phipps & Froome, que também fez a capa de In Rock, e retrata Ritchie, Ian Paice, Jon, David e Glenn como velas humanas, ou seja, em perfeita sintonia com o título da obra.

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