Andi Deris foi o vocalista certo para substituir Michael Kiske no Helloween

Substituir um integrante de uma banda quase sempre demanda uma paciência danada para os músicos remanescentes e, de certa forma, para o público também. Há o período de adaptação e análise das afinidades e incompatibilidades. Por mais que determinado músico tenha capacidade técnica para dar conta do recado, se os fatores como carisma, empatia e parceria não estiverem perfeitamente alinhados, a coisa não dá liga e contratempos vão surgir cedo ou tarde.

A substituição de um vocalista é um processo ainda mais delicado, já que é, na maioria dos casos, a posição de maior destaque num grupo de rock e metal. O cartão de visita do conjunto, se preferir. Então, o alinhamento e a harmonia entre as partes precisam beirar a perfeição; caso contrário, exemplos como Ian Gillan no Black Sabbath, em que tudo foi acertado sob a valia de muito goró e conversa de pé de ouvido com frases do teor de “te considero pra caramba” e “você sabe que é um irmão para mim”, o acordo tende a ir para o brejo antes de completar o primeiro aniversário.

Apesar disso, existe os cases de puro sucesso, os quais estão aí para provar que perder um integrante importante não é o fim da linha para uma banda. Na primeira metade dos anos 90, o Helloween precisou lidar com a preocupante saída de Michael Kiske; cantor que marcou território com um timbre limpo e uma tessitura vocal impressionante, visto que conseguia executar de forma confortável frases complexas num tom altíssimo, o que é o sonho de muitos e a realização de poucos.

O homem escolhido para segurar a bronca foi Andi Deris, músico que já vinha colecionando relativo sucesso com a banda de hard rock Pink Cream 69. Andi, dono de recursos vocais variados e de grande capacidade de interpretação e imersão dramática, chegou mostrando que tinha estamina de sobra e que estava disposto usá-la para cativar seu espaço no Helloween.

Além do mais, a sábia abordagem do cantor em não se apresentar como um mero Ctrl+C e Ctrl+V de Kiske o beneficiou a somente se concentrar no próprio trabalho, isto é, o músico delimitou de maneira clara as balizas de sua atuação no grupo, o que refutou qualquer ruído na imagem que desejava passar ao público.

A simbiose do quê hard rock trazido por Deris e o lado complexo e vigoroso do power metal bancado por Michael Weikath (guitarra), Roland Grapow (guitarra) e Markus Grosskopf (baixo) coexistiram em perfeita harmonia. Dessa forma, a banda pôde enriquecer sua discografia, a título de exemplo, com a trinca Master of the Rings (1994), The Time of the Oath (1996) e Better Than Raw (1998).

Andi garantiu um desejado e bem-vindo ressuscitamento comercial – e criativo, diga-se – ao grupo, que vinha acumulando derrotas, sob a perspectiva mercadológica, com trabalhos que pouco movimentaram a sua banca como Pink Bubbles Go Ape (1991) e Chameleon (1993).

Em 2023, Deris completou trinta anos de Helloween e ostenta no currículo mais de dez trabalhos de estúdio com o às do power metal alemão. Deste modo, te convidamos a relembrar cinco momentos especiais da carreira do vocalista.

1. Sole Survivor – Master of the Rings (1994)

É o abre-alas do álbum debute com a banda! É uma composição do vocalista em parceria com o guitarrista Michael Weikath; parceria que brindou os fãs com diversos clássicos.

2. Why? – Master of the Rings (1994)

Why? é a primeira canção que o frontman assina sozinho em um álbum do Helloween. O quê hard rock é evidente e colabora para uma pluralidade musical da obra.

3. Before the War – The Time of the Oath (1996)

Ótima e precisa resposta a quem acusa Deris de ser apenas compositor de baladas e canções alegrinhas. Com pouco mais de quatro minutos, Before the War pode destruir os ouvidos mais sensíveis.

4. Falling Higher – Better Than Raw (1998)

Uma locomotiva em forma de heavy metal! Falling Higher é uma música forte e intensa, e, ao mesmo tempo, possui linhas melódicas capazes de grudar na cabeça por dias, ou seja, é a união de dois dos maiores predicados do som pesado. Aproveite!

5. If I Could Fly – The Dark Ride (2000)

O som é tão popular e celebrado pelos fãs quanto Future World e I Want Out. Mesmo numa roupagem mais densa, Andi, que assina a composição sozinho, ainda consegue dar um caráter leve e acessível à música.

2 comentários em “Andi Deris foi o vocalista certo para substituir Michael Kiske no Helloween”

  1. Post sensacional e necessário. Importantíssimo ressaltar essa banda, uma das mais importantes dos últimos 40 anos. E Deris, de fato, deu ao Helloween uma nova cara, que em nada perde em qualidade com os tempos de Kiske.

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