A maestria dos 7 guitarristas mais subestimados do rock e metal

Basta um olhar mais atento para percebermos o quanto as escolhas de melhores guitarristas, constantemente, se voltam aos mesmos nomes como Steve Vai, Joe Satriani, Eddie Van Halen (Van Halen), Yngwie Malmsteen, Zakk Wylde (Ozzy Osbourne, Pantera, Black Label Society), Dimebag Darrell (Pantera), Adrian Smith (Iron Maiden, Psycho Motel), Paul Gilbert (Mr. Big, Racer X), entre outros. O que é totalmente compreensível e elementar, pois se tratam de nomes que ajudaram alicerçar e edificar a “cultura guitarrística”, com suas criativas e bem-vindas alquimias musicais.

Entretanto, basta dar alguns poucos passos além do habitual para nos depararmos com outros nomes que ajudam na arquitetura e ampliação do universo das seis cordas. Músicos como Michael Schenker (Michael Schenker Group, ex-UFO, ex-Scorpions), Martin Barre (ex-Jethro Tull), Janick Gers (Iron Maiden, ex-Gillan, ex-Bruce Dickinson), Wolf Hoffmann (Accept), Alex Lifeson (Envy of None, ex-Rush), Billy Gibbons (ZZ Top) e Gary Moore (ex- Thin Lizzy) são imprescindíveis para o “ecossistema guitarrístico”, todavia, não recebem o tratamento de realeza e aristocracia que Vai & Cia desfrutam há anos a fio.

Dito isso, queremos apenas dedicar algumas linhas aos citados músicos que ficam à margem dos prestigiados e endeusados, já que são, em nosso ponto de vista, grandes músicos e personas de extrema importância à história da música moderna.

Michael Schenker

Caçula dos irmãos Schenker, Michael começou sua carreira na tenra idade, aos 16 anos, no Scorpions. O músico, no entanto, mal esquentou o banquinho no grupo alemão, e foi recrutado pelo UFO, onde pôde evidenciar sua genialidade musical. Na banda, Michael apresentou sua ilimitada criatividade em sons como Rock Bottom, Shoot Shoot, Mother Mary e Doctor Doctor.

No Michael Schenker Group (MSG), Schenker continuou a saga de conquistar o mundo com fraseados eletrizantes e desafiadores, levando, invariavelmente, sua música a novos territórios sonoros, mas sem o quê egocêntrico que permeia a maioria dos guitarristas.

Infelizmente, problemas com álcool o fez quase perder a carreira e, claro, a vida! Problemas superados, o músico, atualmente, segue firme com o MSG, sendo Universal o trabalho de estúdio mais recente da banda.

Martin Barre

Ok! A estrela do Jethro Tull é a flauta! Não há dúvida e ou ambiguidade nessa questão! Mas a exuberância musical do grupo não seria a mesma sem o estilo blueseiro de Martin, que ainda abre brecha para saborosas sonoridades jazzísticas e folk.

Aqualung é uma canção incrível, com um riff e solo impecável. Mas Barre não é aquele tipo: One-hit wonder! Longe disso, o trabalho do músico é como um baú de tesouro só esperando ser descoberto. Ouça sem medo de se apaixonar sons do quilate de Heavy Horses, Elegy, Songs from the Wood, Budapest, Orion, Steel Monkey, Beside Myself e Rock Island.

Ah! Aqui vale uma pequena reflexão: As criações e estilo de Martin Barre foram pedras de arrimo para criação do Iron Maiden. Dave Murray e Steve Harris beberam muito na fonte Barre/Jethro Tull.

Janick Gers

E por falar em Iron Maiden, o ‘free rider’ Janick Gers teve a árdua incumbência de substituir o celebrado e virtuoso Adrian Smith, no final da década de 1980. Tarefa que causaria dor de cabeça, sudorese, inúmeras idas e vindas ao toilette e palpitações no coração de grande parte dos guitarristas, diga-se. Mas, com muita energia e vigor em suas performances e playing, Gers trouxe uma atitude roqueira e um elemento sujo e visceral ao som da Donzela de Ferro.

Janick é o típico guitarrista de rock e metal, ou seja, usa e abusa das escalas pentatônicas e, claro, dá uma passadinha aqui e acolá na menor harmônica. Diferente do parça Dave Murray, Gers usa pouco a técnica de ligados e prefere um ataque com palhetada alternada.

Apesar do virtuosismo técnico não ser muito a praia de Janick, o músico criou um dos solos mais bonitos do Maiden, que é o solo final de Blood Brothers. Além disso, ajudou na criação de clássicos como Man on the Edge, Be Quick or Be Dead, Virus, entre outros.

Wolf Hoffmann

A Alemanha pode e deve se orgulhar de ter algumas das maiores e icônicas fabricantes de carro do planeta como Mercedes-Benz, BMW e Audi. Como se não bastasse, o país é proficiente também em criar bandas de rock e metal, e os exemplos são aos montes como Helloween, Accept, Scorpions, Rammstein e Blind Guardian.

Um dos responsáveis por tornar o território alemão um campo fértil e frutífero, musicalmente, é o líder e guitarrista do Accept, Wolf Hoffman. Ornamentando os acordes com passagens melódicas e extensões, Wolf confere ao som de sua banda um sabor único e delicioso. No arsenal do músico estão acordes Sus, que são usados como agentes de realce entre os acordes maiores e menores.

Para fora dos limites do rock e metal, Hoffman também faz muito bonito e flerta com a música erudita, fato comprovado nos discos Classical (1997) e Headbangers Symphony (2016). A capacidade melódica do alemão deveria ser objeto de estudo das mentes brilhantes ao redor do globo. Então, faça um favor a si mesmo: ouça a música do Hoffman como se não houvesse o amanhã.

Alex Lifeson

Tenho convicção e provas que todos os membros do Rush não são do planeta Terra. Não precisa de muito esforço para chegar em tal conclusão, basta uma olhadela em alguma performance de La Villa Strangiato e, voilá, o veredito será o mesmo.

Apesar disso, o holofote sempre brilhou mais nos companheiros de Lifeson: Geddy Lee (vocal, baixo e teclado) e Neil Peart (bateria). O que é uma heresia quase imperdoável, já que Alex atua como os mestres da alfaiataria italiana e inglesa, onde cada brecha e espaço é preenchida com o elemento necessário, jamais com o supérfluo.

Em meio ao progressivo intricado e complexos acordes e ritmos, Lifeson lança mão de uma vasta gama de recursos como vibratos, bends e ligados, assim como uma variedade de timbres. O fator humor também é significativo no playing de Alex, circunstância facilmente percebida em suas apresentações ao vivo.

É fácil, fácil notar a grandiosidade musical de Lifeson no elegante solo de Limelight, no riff à la acorda defunto de 2012, no timbre de The Pass ou nas experimentações de Red Sector A. Com muita criatividade, Alex fora parte vital para consagração do Rush como pedra fundamental do rock e metal.

Billy Gibbons

Assistir Gibbons ao vivo é como ver um maestro comandando uma orquestra de 80 ou 100 instrumentistas! A genialidade de Billy é perceptível em poucos segundos de apresentação, seja no controle absurdo do knob de volume, o que o auxilia na dinâmica de cada canção, ou no domínio assombroso dos harmônicos que se tornam vocálicos, sendo assim, fornecem uma voz a mais às performances do ZZ Top. Sim! A guitarra de Billy canta, e em alto e bom som.

O resultado emocional do playing do Santa Claus do blues-rock no ouvinte é instantâneo, é simplesmente impossível passar incólume as frases e resoluções melódicas proporcionadas por Billy. Se ainda te restar algum resquício de dúvida sobre tal genialidade do guitarrista, troca uma ideia com Zakk Wylde e ele vai te responder de onde vem as suas influências de harmônico artificial e chicken picking (palhetada híbrida).

Seja em Eliminator (1983), que é o oitavo trabalho de estúdio do ZZ Top, ou em Hardware (2021), seu terceiro registro solo, Billy Gibbons é uma força do universo da guitarra que precisa ser melhor explorada e prestigiada pelo público.

Gary Moore

Em tempos de poetas de redes sociais, onde a emoção de suas falas são mais artificiais que um nugget, Gary era, verdadeiramente, um poeta, mas das seis cordas. Com um único bend, o guitarrista era capaz de derreter o gelo do coração do ser mais frio, apático e insensível. Poucos instrumentistas conseguiram transformar a experiência de tocar guitarra em um elixir e bálsamo para a alma. Com sua voz única no instrumento, Moore foi fundamental, autêntico e absoluto para o universo das seis cordas

Na ponte-aérea hard rock-blues, Gary, em parceria com sua Gibson Les Paul 1959, criou canções usando e abusando da dinâmica passivo-agressiva, onde exibia uma coleção de artimanhas como acordes invertidos, acordes sus e add, riffs e frases ligeiras e doublestops.

Essencialmente, Moore conquistou excelência em todas as direções em que apontou sua carreira musical. No hard rock ou blues, a refinada sonoridade de Gary sempre representou a guitarra no seu melhor. Com sua morte em 2011, o mundo da guitarra ficou sem uma das suas principais estrelas. O que nos resta é curtir e aprender os ensinamentos deixados pelo Mestre.

21 comentários em “A maestria dos 7 guitarristas mais subestimados do rock e metal”

    • Só não acho justo falar em gary moore sem comentar sobre seu excelente trabalho no Skid Row. Não esse do Sebastian Bach e sim , o verdadeiro Skid dos anos 60 /70

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  1. Claro que uma matéria como essa sempre caberia um vol. 02, 03,…, pois muita gente talentosa surgiu depois de Hendrix, Page, Jeff Beck e Eric Clapton, fora aqueles que não abraçaram o Hard ou o Heavy Metal tipo Steve Howe e David Gilmour.

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  2. Jenick Gers como terceiro guitarrista numa banda com Adrian Smith e Dave murray qualquer guitarrista ficaria sobrando.
    Somente o Lynyrd conseguiu a equacionar 3 guitarristas.
    Mesmo assim Jenick não servirá nem pra cover de haloween que é uma cópia mal feita do Iron Maiden.

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  3. Parabéns pela matéria
    Realmente muitos Guitarristas não são tão aclamados como (Hendrix, Page, Jeff Beck e etc…) mas não deixam de mostrar habilidade, técnica e criatividade no instrumento.
    Eu incluiria nessa lista O Billy Duffy do The Cult também, que ao longo dos anos vem mostrando criatividade e imparidade nos seus Riffs.

    Abraço a todos!

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  4. Boa tarde.
    Lembrando de uns malucos aqui:
    Rory Gallagher, Paul Kossoff, Alvin Lee, Leslie West
    Novos Baianos e Mutantes para quem quiser se assustar com duas bandinhas brazucas

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  5. Apesar de concordar com os demais citados Jannick Gers é de doer hein…o cara além de ser bem mediano é um mala, fazendo questão de tocar junto alguns solos do Adrian. Não sei como deixaram!!!! Tira ele e coloca o Rory Gallagher unanimidade nos comentários

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