Na década de 1980, bandas como Sepultura, Sarcófago, Vulcano e Holocausto usaram e abusaram dos conceitos e visuais satânicos. A temática das canções girava em torno de pentagramas e toda sorte de recurso do gênero.
Quem viveu esse período e colaborou para que esse estilo tomasse vida e corpo nos sons, foi o baterista Iggor Cavalera. Em recente entrevista ao canal White Centipede Noise, o músico refletiu sobre a imagem satanista do metal brasileiro nos anos 80.
“Na primeira onda do black metal que tivemos no Brasil, a ideia não era exatamente uma questão de adorar Satanás, mas sim de atacar a igreja, o que é uma grande diferença. Para nós, era muito mais político.
A igreja está controlando tudo na América do Sul! Eles estão envolvidos na política. Como todos sabemos, eles são a coisa mais maligna. Eles chegaram e estupraram a terra com a colonização e tudo mais. Então, para nós, ir contra a igreja foi um ato de rebelião.
Além disso, para nós, fazia mais sentido atacar isso do que apenas atacar o governo em geral. Na nossa visão são a mesma coisa”.
Iggor continuou: “Nunca fomos adoradores de Satanás! Isso não era nossa praia. Eu estudei muito sobre o lado obscuro das coisas, li muitos livros, mas nunca fui um adorador. Acredito que o mal e o bem e Sataná são criações da igreja”.
“Foi daí que surgiu o movimento. Era sobre essa agressividade. Era uma forma extrema de mostrar como queríamos nos rebelar. O metal da Europa e Estados Unidos era muito polido. Eles falavam sobre dragões e destruição de castelos. A nossa realidade era diferente, então, foi aí que tudo começou”.
Eis o bate-papo completo aqui: