Friburgo Rock Festival reúne nomes do rock e metal e faz elevar a temperatura da Região Serrana do Rio

Reunir elementos como rock n’ roll, heavy metal, frio, região bucólica, culinária de primeira qualidade e um público transbordando energia é o prelúdio de um rolê que vale cada minuto de sua duração. Para a sorte do público carioca e fluminense, o Friburgo Rock Festival é o responsável por agregar tudo isso e mais doses extras de emoção em todas as suas edições.

No último sábado, 03 de maio, o evento comemorou a sua quinta festa com dois dos principais nomes do hard rock internacional, Eric Martin e Jeff Scott Soto. A cota de metal clássico ficou na conta de Tim “Ripper” Owens passeando pelos destaques de sua longa carreira. Já a parcela brasileira de power metal ficou a cargo de Edu Falaschi, enquanto o Korzus mostrou com quantos paus se faz um thrash metal puro malte e o Clash Bulldog’s veio representando o que sopra de novidade na cena nacional.

Os veteranos Marcello Pompeu (vocal) e  Dick Siebert (baixo) e companhia foram os responsáveis por dar o pontapé inicial no festival rememorando o porquê de ter quatro décadas de carreira. A parede sonora imposta pelo grupo é de causar espanto em ouvidos sensíveis, o que não é, pois, motivo de arrefecer a caldeira do metal genuinamente brasileiro.

Pelo contrário, o negócio é botar braseiro alto e deixar queimar ainda mais ao som de What Are You Looking For, Correria e outras pérolas de sua vasta discografia. Sem firulas e estrelismo de rock stars narcisistas, o Korzus entregou o seu thrash metal quente e colocou já no primeiro tempo o sarrafo da noite em patamar elevado.

Clash Bulldog’s, prata da casa, isto é, banda da cidade de Nova Friburgo, não se acovardou com os paulistanos e tratou de responder à altura com o seu metal de nuances alternativas. Sons como Anger Grows e Evil Within trataram de levantar o público e mostrar as credenciais do quarteto. O Clash Bulldog’s é um conjunto relativamente novo, visto que iniciou as atividades em 2020, portanto, a maturidade irá lapidar ainda mais o seu som para que novos e maiores voos estejam em seu radar.

A bola fora do Friburgo Rock Festival foi não seguir à risca os horários previamente divulgados ao público. Os atrasos geraram muito estresse em alguns fãs e em músicos como Tim “Ripper” Owens, que precisou cortar boa parte de sua apresentação para que a programação de outros artistas não sofressem grandes avarias.

Foto: Livia Teles

Mesmo assim, ele conseguiu provar que ainda mantém o gogó em dia recordando a sua passagem pelo Judas Priest, quando Blood Stained, Burn in Hell e Jugulator ecoaram pelo Nova Friburgo Country Clube. O show ainda teve direito a uma homenagem ao falecido Paul Di’Anno (ex-Iron Maiden) com uma performance de Wrathchild.

Mudança de palco feita, a Double Trouble Tour, que é um giro da dupla hard rocker Eric Martin e Jeff Scott Soto apresentando o suprassumo de suas carreiras, teve seu início em Nova Friburgo. O arrasta-pé dos cantores contou com a ajuda da Spektra, ou seja, banda formada pela galera tarimbada do rock nacional como Leo Mancini (guitarra), Edu Cominato (bateria), BJ (teclado e vocais) e Henrique Baboon (baixo).

Foto: Livia Teles

Martin começou usando e abusando de seus hits. Dessa forma, Alive and Kickin’, Take Cover, Wild World (cover de Cat Stevens) e Green Tinted Sixties Mind contaram com o coro de centenas de vozes e provaram que passaram no implacável teste do tempo. Eric e o conceito de carisma são sinônimos, então, é fácil para ele ter a plateia na palma de sua mão e ao seu dispor. E uma das regalias disto é que os pequenos deslizes na performance como dobras de refrão e verso passam praticamente sem ênfase e cara feia da galera.

Na verdade, parece que dá um caráter informal à apresentação, como se fosse uma festa só para os amigos na qual a pegada livre, leve e solta é o mote do dia. Quando Jeff Scott Soto entrou no palco para cumprir a sua cota do show, a vibração se manteve a mesma – a única diferença foi que muitas caipiroscas, com direito a vira-vira do cantor, fizeram parte da festa.

Jeff passeou por sua imensa discografia, com isso, I´ll Be Waiting (Talisman), Stand Up (Steel Dragon), I Am a Viking / I’ll See the Light Tonight (Yngwie Malmsteen) e Coming Home (Sons Of Apollo) apareceram em seu set que foi um banquete aos fãs de hard rock.

Foto: Livia Teles
Foto: Livia Teles

A “dupla problema”, Eric e Jeff, ainda se juntaram para as performances de Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song) e To Be With You, do Mr. Big. Este perfil de apresentação se mostrou eficiente e atrativo ao público, o que pode render novos combos no futuro.

Já passara de uma hora da madrugada quando o cavaleiro de Atena, Edu Falaschi, tocou o primeiro acorde de sua Temple of Shadows In Concert Tour, a qual celebra os vinte anos do quinto registro de estúdio do Angra, Temple of Shadows.

Com bela produção de palco, Edu, que é outro ás da comunicação com os fãs e esbanja carisma sem mostrar esforço algum, não fez doce e logo entregou aos fãs joias do power metal nacional tais quais Waiting Silence, The Temple of Hate, Wishing Well e Late Redemption – esta última com a galera fazendo bonito ao cantar os versos de Bituca, Milton Nascimento, que canta na versão original de estúdio.

Foto: Livia Teles
Foto: Livia Teles

Bleeding Heart e Nova Era ficaram na responsabilidade de recordar a genialidade do álbum Rebirth, época em que o Angra transpirava vigor e criatividade dentro e fora do palco. O grand finale ficou nas mãos do hino geek, Pegasus Fantasy, que fez elevar o cosmo no coração de todos os fiéis guerreiros do metal que se mantiveram firmes e fortes durante toda a maratona musical.

Apesar dos atrasos, a quinta edição do Friburgo Rock Festival foi um sucesso e provou, mais uma vez, que é um evento necessário no calendário cultural do Estado do Rio de Janeiro. Se depender do público, o festival vai partilhar da máxima de Super-Homem: para o alto e avante.

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