Zakk Sabbath: Um Tributo De Peso Aos Pais Do Heavy Metal Em Porto Alegre

Se tem alguém com propriedade suficiente para fazer um show dedicado ao Black Sabbath, esse alguém é o guitarrista Zakk Wylde. Depois de Tony Iommi, ele é quem mais deve ter tocado as músicas do grupo em seus quase 20 anos ao lado de Ozzy Osbourne. Se com Ozzy ele mostrou toda sua capacidade com as cordas, com o excelente Black Label Society ele revelou que tem também uma grande qualidade como vocalista.

Para essa homenagem ao Black Sabbath, Zakk se juntou com Joey Castillo (bateria, ex-Queens of the Stone Agee e Danzig) e Rob “Blasko” Nicholson (baixo) que atualmente toca com Ozzy e já tocou com Rob Zombie. De volta ao Opinião, onde já passou com o Black Label e seu projeto solo, Zakk reuniu um grande número de fãs para saudar os pais do heavy metal.

Em um ano com tantos eventos, os fãs de rock preferiram castigar o bolso e investir em shows, e essa foi mais uma apresentação com ingressos salgados, mas a presença maciça dos fãs mostrou que eles apertaram o orçamento para conseguir assistir de perto, mais uma vez, um dos grandes nomes da história da música.

A promessa era de clássicos do Sabbath e também alguns lados B e foi isso que Zakk entregou. Damn That River, do Alice in Chains, estourou nas caixas de som como aquecimento e, às 21h06, após a intro de Black Sabbath com o som de tempestade que abre a música, o grupo sobe ao palco com a pesada Supernaut, ainda mais impactante nos riffs do guitarrista que leva o Opinião inteiro a sair do chão no ritmo da música.

Mesmo com seus 1,88m de altura, Zakk usa um mini palco para ficar ainda maior e dedilhar sua Les Paul roxa e preta com a clássica e hipnótica arte bulls-eye, sua marca registrada.

A sequência vem com o clássico Snowblind. Sem pausas e sem silêncio é um riff emendado no outro. Os presentes ecoam em uníssono junto com as notas tocadas por Zakk, que mostra também sua total capacidade vocal. O solo nem precisa ser descrito, Wylde é dono de uma técnica única, uma precisão fora do normal e uma melodia inigualável, indo de um lado ao outro no palco. Com a guitarra na frente ou nas costas, ele não erra uma palhetada sequer e dá um show aos entusiastas de plantão. A National Acrobat vem ainda sem diálogo entre a banda e a plateia, exceto pelos clássicos trechos cantados entre o vocalista e os fãs.

Um dos maiores clássicos do heavy metal vem a seguir: a sombria Children of the Grave enlouquece o Bar Opinião, sendo mais uma para admirar a versatilidade vocal de Zakk. Se a interação com o público é discreta, a cozinha da banda com Blasko e Joey Castillo é muito destacada entre eles e seus instrumentos. Com paixão e dedicação, fazem uma apresentação impecável colocando o peso e a velocidade suficientes para acompanhar o frontman e agradar todo mundo.

O grupo segue desfilando riffs pesados com Lord of This World e o medley com Under the Sun/Every Day Comes and Go. Ele desce do palco e fica frente a frente com os fãs enquanto dá mais uma aula de solos e de todo seu virtuosismo, quando volta ao palco é ovacionado pelos fãs.

A essa altura já tinha ficado claro o objetivo do grupo: enfiar a mão em seus instrumentos e dar o máximo de peso aos fãs. Zakk conversa pela primeira vez pedindo as mãos para o alto batendo palmas. Enquanto ele cantava os versos iniciais de Fairies Wear Boots, a plateia, lógico, obedece e acompanha o músico.

Into the Void e Hand of Doom, com seus ritmos mais cadenciados, deram o descanso necessário para Behind the Wall of Sleep. Começava a trinca final da noite. Durante a faixa, Zakk conversa com o público e apresenta a banda.”Me deixe perguntar uma coisa: Porto Alegre, vocês estão curtindo isso?”, pergunta Zakk que, após a resposta positiva, apresenta a banda. “No baixo, ele que é conhecido pelos seus pijamas de gatos, é ele, o único, o Sr. Blasko!”, seguindo com o grupo inteiro aumentando o som em uma jam pesada e técnica.

Ao melhor estilo Bruce Buffer, Zakk anuncia: “Ali atrás na bateria, ele que também é 5 vezes campeão mundial de boxe em 5 divisões, senhoras e senhores, o Zakk Sabbath apresenta Joey Castillo”, aumentando, novamente, o som com riffs e mais uma jam cheio dos solos típicos de Zakk.

A sequência com N.I.B. agitou todos os presentes e o encerramento com War Pigs, após sua famosa sirene a anunciando, levou junto a voz de todo mundo que se esgoelou para acompanhar o grupo. Foram 1h40 cronometrados de um show insano que não deu tempo de ninguém respirar.

Para um tributo ao Sabbath, ainda que apenas da fase de Ozzy, faltaram vários clássicos como Black Sabbath, Sabbath Bloody Sabbath, Iron Man, Sweat Leaf e a maior de todas, Paranoid, mas o grupo compensou com a gana e a vontade despejada em seus instrumentos. Os fãs que lotaram o bar certamente saíram satisfeitos com a aula de heavy metal que o grupo apresentou, mostrando que foram alunos dos mestres ingleses que inventaram todo esse estilo que arrebata milhões de fãs pelo mundo.

Setlist:

Supernaut
Snowblind
A National Acrobat
Intermission
Children of the grave
Lord of this world
Intermission
Under the Sun / Every Day Comes and Go
Wicked World
Fairies Wear Boots
Into the Void
Hand of Doom
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
War Pigs

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