Richie Kotzen Mostra Seu Talento Nas Seis Cordas Ao Público Carioca

Ter uma carreira com dezenas de álbuns de estúdio, um ao vivo, duas compilações; milhares de discos vendidos em todo mundo e shows nos quatro cantos do planeta não é para qualquer artista. Se não bastasse, a coisa fica ainda mais sui generis quando o artista está sob as asas, ou melhor, é endorsado por uma das maiores marcas de instrumentos musicais, já que seu talento, criatividade e competência o coloca numa posição de vanguarda no concorrido e agitado show business.

E é sob tais conquistas e inúmeros outros êxitos que o guitarrista norte-americano, Richie Kotzen, respalda sua profícua carreira, e fora nesse embalo assertivo que o virtuose trouxe sua atual turnê, Salting Earth World Tour, ao Rio de Janeiro – a turnê passou (passará) por outras cidades brasileiras; confira as datas.

Com o Imperator repleto de seus seguidores, Richie começou sua viagem rock, bluesy, soul e fusion com a novata End of Earth, que mostra o poderio sonoro do novo álbum Salting Earth, bem como o bom gosto de suas melodias, solo e refrão e sua contagiante rítmica. Socialite abriu, como em diversos outros momentos da noite, caminho para criatividade do trio aflorar em solos, fraseados e improvisações a ponto de deixar o mais aplicado estudante de música ruborizado pelo alto nível técnico dos músicos no palco.

O que sobrou em talento, criatividade, técnica e precisão, faltou um pouco em simpatia e comunicação com público, já que a música de Richie, embora seja complexa na sua execução, demanda um clima intimista e, muitas vezes, festivo, a fim de deixar os fãs ainda mais sintonizados e à vontade com a música e a apresentação. Além disso, fora desnecessário os solos individuais do baterista Mike Bennett e baixista Dylan Wilson, sendo que a execução de uma ou duas canções a mais no repertório seria de mais grandeza ao saldo positivo da noite.

Como citado anteriormente, a discografia do guitarrista é extensa, o que funciona para o bem e mal, visto que há muito material para escolher e, lógico, muito material bom para ficar de fora. Entretanto, Kotzen conseguiu equilibrar bem a apresentação com temas do mencionado novo álbum Salting Earth como a suave My Rock; a soul e contagiante Meds e a bluesy This is Life, aos sons menos contemporâneos como High, cantada em uníssono pelo público e em formato acústico; a balada I Would também executada em formato acústico e a rocker, Go Faster, que tratou de mostrar o quão entrosado é a trinca.

A desenvoltura de RK nas seis cordas já fora apontada nesse texto e vastamente comprovada em sua carreira solo e bandas as quais integrou como, por exemplo, o Mr. Big. No entanto, seria de uma irresponsabilidade e negligência não expor a expertise do músico nos vocais, que, com uma voz à la ao saudoso Chris Cornell, mostra um alcance impressionante e matiz que combina com as diversas facetas de sua música.

You Can Save Me, cantada a plenos pulmões pelos fãs, foi a derradeira e fechou a apresentação que durou pouco mais de uma hora e meia. Com a experiência e a tarimba de décadas no shows business, Kotzen sabia que o público queria alguns outros clássicos de su

a carreira, mas, infelizmente, não veio dessa vez. Fica a torcida para um retorno breve com um repertório ainda mais voluptuoso e de lambuja com um pouquinho mais de simpatia e comunicação com os fãs.

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