Mr. Big: Virtuosismo, Riffs, Baladas E Uma Noite Memorável Em Porto Alegre

Um quarteto histórico! O Mr. Big é um dos grandes nomes de todos os tempos do hard rock, sua formação é uma espécie de dream team da música. E depois de dois anos desde seu último show em Porto Alegre, o drem team voltou para sua terceira apresentação na cidade em mais um show cheio de fãs no bar opinião. Eric Martin, Paul Gilbert e Billy Sheehan dispensam apresentações, Pat Torpey é outro que não precisaria uma apresentação maior se formos falar de seu legado na bateria com a banda, mas desde 2014, quando foi diagnosticado com Parkinson, é Matt Starr quem assumiu as baquetas do grupo. Com disco novo lançado nesse ano, o grupo dedicou a noite de 22 de agosto aos gaúchos com um set list recheado dos novos e antigos clássicos da banda.

Marcado para às 21h, o show começou pontualmente, como é costume nos shows produzidos pela Abstratti. A abertura foi com a agitada e ótima Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song) precedida por uma introdução cheia de groove com I Can’t Stand Myself (When you Touch me), de James Brown. A faixa foi perfeita para a abertura do show, agitando os presentes e fazendo se soltarem logo no início. Durante o solo, Gilbert usou a tradicional furadeira nas cordas de sua guitarra. Martin fala com os presentes: “Meus irmãos e irmãs, o Mr. Big está de volta!” A sequência veio com outra veloz, American Beauty. E para fechar a trinca inicial, o clássico Undertow, para delírio de todos.

Billy Sheehan vai ao microfone e diz: “Eu sinto que está faltando algo aqui”, com isso sobe ao palco Pat Torpey, se a doença o impede de tocar todas as linhas de bateria do grupo, não tira dele a vontade de estar no palco fazendo algumas percussões e recebendo todo o carinho de seus fãs.

No palco Gilbert mostra seu virtuosismo e a banda começa Alive and Kickin’. Se Undertow era mais cadenciada, Alive and Kickin’ agitou novamente a pista do Bar Opinião. Com quase 30 anos de experiência, a coesão e entrosando no palco é um prazer para os fãs assistirem. No solo de AAK, Gilbert vai com os dentes na guitarra sem perder uma nota sequer.

“Porto Alegre, meu povo, meus irmãos e irmãs, estamos aqui juntos hoje,” avisa Martin. A banda começa Temperamental, uma das ótimas de Bump Ahead. “Vamos ficar emocionados agora, se preparem para limpar suas lágrimas”. Todo mundo sabe que hard rock de respeito tem baladas poderosas e o Mr. Big faz isso muito bem. Luzes se apagam e a primeira da noite é a clássica Just Take My Heart, que chegou a ser trilha de novela no Brasil e foi cantada por todos os presentes.

Um show do Mr. Big é uma viagem para décadas passadas! A plateia começa a pedir os grandes clássicos, mas Martin avisa que “essa será uma longa noite, calma, vamos tocar todas, essa próxima tem uma levada incrível de bateria.” Mart Starr impressiona e começa a introdução de Take Cover, sendo muito bem vinda e recebida. Gilbert dedilha as notas iniciais de Green-Tinted Sixties Mind, de Lean Into It, e o Bar Opinião vai abaixo.

Martin fala meio cantando: “Eu me sinto bem essa noite, me sinto em casa em Porto Alegre”, e pergunta se todos se sentem bem e avisa que “todos precisam de alguns problemas”. A banda segue com Everybody Needs a Little Trouble e Price You Gotta Pay. Nessa última, Sheehan dá um show em um belo solo de gaita harmônica.

A banda sai do palco para uma merecida pausa, menos Gilbert, que fica no centro, pronto para mostrar suas qualidades na guitarra. Paul interage com a plateia com notas que parecem vozes pedindo para todos repetirem o som que faz, seguido de notas velozes e momentos cheio de groove. Gilbert faz parecer fácil, é impressionante assisti-lo a poucos metros, fazendo tudo aquilo que apresentou. Ele ficou no palco por aproximadamente 10 minutos sem desagradar em momento algum, raridade entre os solos em shows. Encerra o solo já emendando o pesado e marcante riff de Take a Walk, música que marcou a volta de todos ao palco.

Um dos momentos mais esperados da noite foi a clássica versão de Wild World, gravada originalmente por Cat Stevens. A versão do grupo virou um dos mais famosos covers do rock mundial, sendo também trilha de novela no Brasil. Martin fala que “são muitas baladas, mas essa parece nunca cansar, ela é, particularmente, especial, e se chama Wild World.” Com um violão, Eric acompanha o grupo, a interpretação ao vivo foi impecável, a participação do público igualmente, sendo um dos grandes momentos da noite, como deve ser em todo show do grupo.

A agitada Rock & Roll Over movimenta a pista novamente: “Vocês são demais, eu nunca canso de dizer isso.” Around the World encerra mais um bloco do grupo. Agora é a vez de Billy Sheehan fazer o seu solo. Sheehan e Gilbert são nomes conhecidos demais. Mesmo os fãs mais novos, em algum momento, devem ter se deparado com o virtuosismo e a qualidade desses músicos, os solos de ambos mostraram que toda a fama construída durante esses anos é merecida.

Com a banda de volta ao palco, vem o que seria a primeira despedida, com um pequeno duelo de solos entre guitarrista e baixista. A batida na bateria anunciava Addicted To That Rush para encerrar a primeira parte do show. Os fãs acompanham com os gritos de “oooh, oooh…” durante a apresentação. Ao final dela, o grupo decide quebrar o protocolo e nem apelar para o tradicional bis, decidem seguir o show direto mesmo.

Martin aproveita para apresentar o super time que forma o grupo, começando por Paul Gilbert, que foi ovacionado como poucas vezes vi um artista no Opinião. Ao falar do baterista, Martin diz: “Esse jovem tem sido um salvador para nós nos últimos anos, ele é parte de nós agora, Matt Starr”.

Hora de um dos momentos mais emocionantes da noite. “Vocês veem esse jovem aqui, ele é uma verdadeira lenda, Pat Torpey!” Ele é ainda mais ovacionado que Gilbert. Esse carinho todo deve dar uma força incrível para Pat. Martin pede os tambores para anunciar: “Ele que é de Buffalo, NY, Billy Sheehan!”, recebendo o mesmo nível de aplausos.

Um dos grandes clássico do Mr. Big, To Be With You, é uma daquelas baladas memoráveis que todo mundo já ouviu em algum momento. Composta por Martin sobre uma paixão adolescente, a faixa foi de grande sucesso, tendo atingido o topo de diversas paradas mundo afora, inclusive o top 100 da Billboard. Sem dúvida foi o momento máximo da noite.

“Me mostre o melhor que vocês podem Porto Alegre, gritem bem alto”. Para voltar ao clima, o clássico Colorado Bulldog incendia a pista. “Vamos continuar, vamos continuar, essa é uma nova canção que vamos tocar hoje, ela se chama 1992”. A faixa de Defying Gravity tem toda a cara do Mr. Big, e mostra que o grupo segue com motivação para novas composições.

Antes de encerrar, outro cover, se Wild World está na cabeça de todos, o cover da clássica Baba O’Riley, do grande The Who, fechou com chave de ouro e serviu de aquecimento para o show do grupo em Porto Alegre, no próximo mês.

Billy Sheehan vai ao microfone enquanto a banda se despede e diz: “Nós amamos vir ao Brasil, ver seu sorriso é maravilhoso. Porto Alegre, vocês são lindos, amamos vocês, obrigado!”

Uma experiência mágica, se essa foi a terceira vez do grupo na cidade, foi a primeira que presenciei, e não poderia ter sido melhor. Os “dinossauros” do rock seguem vivos e fortes, levando a magia de suas composições aos fãs de todas as gerações mundo afora.

Set list do Mr. Big em Porto Alegre:

Daddy, Brother, Lover, Little Boy (The Electric Drill Song)
American Beauty
Undertow
Alive and kickin’
Temperamental
Just Take My Heart
Take Cover
Green-Tinted Sixties Mind
Everybody Needs a Little Trouble
Price You Gotta Pay
Paul Gilbert Solo
Take a Walk
Wild World (Cat Stevens cover)
Rock & Roll Over
Around the World
Billy Sheehan Solo
Addicted to That Rush
To Be With You
Colorado Bulldog
1992
Baba O’Riley (Cover do The Who)

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