Maximus Festival: A Nova Geração Do Rock&Metal, Em SP

Não se engane: a magnificência e o espetáculo circense sempre dialogaram de forma fluída e peculiar, diga-se, com o universo musical e, mais ainda, com o rock n’ roll. O dia de ontem (07) se fez valer de tal afirmação com a primeira edição do Maximus Festival na capital paulistana, que fácil, fácil, pode apoderar de predicados do teor de um maravilhoso e fascinante circo dos horrores musical ou mesmo de um festival que primou pela ótima organização e infraestrutura.

Em dia em que o clima cismava mudar ao seu bel prazer, indo do chuvoso ao solar e ficando a bandeira no frio com ventos cortantes, as atrações também se apropriaram de tal dinâmica, onde algumas trouxeram ao festival uma apresentação acalorada e vibrante, enquanto que outros se perderam em meio a uma atuação apática e fria.

Seguindo a risca o cronograma estabelecido pela produção do evento, o evento deu pontapé, ao meio dia, no palco Thunder Dome, recheado de atrações brasileiras do quilate de Ego Kill Talent, com seu rock visceral; o trash metal vigoroso do Woslom; Far From Alaska também fez presença sob a tutela do rock direto; o sempre surpreendente Project46 deu as caras com sua destruição sonora e, para finalizar as atividades no Thunder, a banda britânica, RavenEye, presenteou o público com seu power rock intenso.

Além do palco Thunder Dome, os shows se dividiram e revezaram entre os dois palcos principais: Rockatansky Stage e Maximus Stage. A estreia no citado Rockatansky foi sob o som dos caipiras finlandeses do Steve n’ Seagulls, que tem uma proposta inusitada de reverenciar os baluartes do rock e metal com versões e arranjos em instrumentos como violão, bandolim, banjo e acordeão. A proposta deu muito certo e ganhou adulação do público brasileiro quando temas como Aces High e The Trooper (Iron Maiden) e Seek and Destroy (Metallica) ecoaram pelo autódromo de Interlagos.

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Foto: Estúdio Gaveta

O Maximus Festival veio com uma proposta bacana ao trazer a formula dos festivais europeus, onde o elemento principal é, sem dúvida, a música, mas vai além e traz ao público uma experiência ampla ao fundir e agregar uma pluralidade de atrações como exposições de arte; lojas de roupa, acessórios e discos; estúdio de tatuagem; diversidade culinária e lounge com as mais variadas bajulações que um ser humano possa sonhar.

Os trabalhos no Maximus Stage começaram sob os acordes dos norte-americanos do Hollywood Undead, que, com sua simbiose de hip hop, rock e metal, pouco contribuíram para o resultado positivo do festival. Seguindo a dinâmica de revezamento entre os palcos principais, o Shinedown, embora tenha enfrentado dificuldades técnicas em seu som, atacou o Rockatansky Stage com seu poderio sonoro, transbordando animação, competência musical e simpatia, principalmente do vocalista, Brent Smith.

O arquétipo do circo dos horrores começou sua personificação com a maravilhosa apresentação dos americanos do Hellyeah, fazendo a divulgação do novo álbum de estúdio, o interessante Undeniable. Além da lenda Vinnie Paul (bateria – Pantera), o “malucaço” vocalista, Chad Gray, é uma persona exótica e com uma presença de palco irreparável, o que só veio corroborar para que os olhos se voltassem à apresentação do grupo.

Os caipiras de Kentucky (EUA), Black Stone Cherry, que tiveram a participação do guitarrista Joe Storm (Halestorm), conduziram os fãs ao suprassumo de seu hard rock com temas como Me and Mary Jane; Chearper to Drink Alone; Blame it on the Boom Boom e o cover de Aces of Spades, que vocês sabem a quem pertence.

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Foto: Estúdio Gaveta

Em divulgação de seu mais recente disco de estúdio, Into the Wild Life, o Halestorm debutou no festival com um show morno e com o vocal de Lzzy Hale prejudicado pelo volume baixo, o que gerou certa insatisfação a quem ansiava por um começo, digamos, mais energético. No entanto, a grande parcela de fãs da banda não se deu por abatida e tratou de presentear Lzzy & CIA com uma injeção de ânimo, o que gerou efeito imediato, e músicas como Mayhem, Freak Like Me e I Miss the Misery foram cortejadas e muito bem recebidas pelo público.

Bem, repórter é também filho de Deus e precisa comer e descansar para aguentar a maratona de shows que estava por vir, então, o show do Bullet for My Valentine fora sacrificado por tal motivo. O Disturbed, que voltou às atividades com o ótimo álbum Immortalized depois de um hiato de quatro anos, brindou o público com uma apresentação avassaladora.

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Foto: Estúdio Gaveta

O carisma e presença de palco do vocalista David Draiman faz parte daquela famigerada, mas fidedigna afirmação: muitos querem, mas poucos têm. Com canções como Tem Thousand Fists; Prayer; The Light; Stupify; Down of the Sickness; Voices; Stricken e o emocionante cover de The Sound of Silence (Simon & Garfunkel) com direito a duas musicistas tocando violino e violoncelo e o guitarrista, Dan Donegan, ao piano, trouxeram um dos melhores momentos de todo o festival. A execução de Baba O’ Riley (The Who); Killing the Name (Rage Against the Machine) e I Still Heaven’t Found What I’m Looking For (U2) fora supérflua, visto que a carreira dos caras possui canções de igual e/ou melhor qualidade.

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Foto: Estúdio Gaveta

Os predicados usados para adjetivar o cantor e ator, Marilyn Manson, são de perder de vista. Manson é exótico e extravagante, e mais, é dono de uma carreira que até possui seus momentos de qualidade duvidosa, entretanto, há o outro lado da moeda onde álbuns do quilate de Antichrist Superstar (1996); Mechanical Animals (1998) e Holy Wood (2000) são verdadeiras joias em forma de música.

E mesmo com suas excentricidades, humor cáustico e mordaz e seu quê de mistério e ocultismo, o cantor não foi capaz de mostrar seu poderio sonoro na noite de ontem, o show fora burocrático, frio e sem um pingo de carisma. Nem temas como The Dope Show; Tourniquet, Coma White, Sweet Dreams (cover de Eurythmics) e The Beautiful People conseguiram reverter o resultado a seu favor.

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Foto: Estúdio Gaveta

Como esperado, o headliner Rammstein é unânime e, sem sombra de dúvida, presenteou o numeroso público, que se amontoava em frente ao Maximus Stage para ver de perto a última atração do fenomenal circo dos horrores, um show completo para os cinco sentidos. Ornamentação de palco soberba; pirotecnia de dar inveja aos mascarados Kiss; repertório excepcional; comunicação com o público é fluída, sem ruído e de forma não verbal e seria de uma irresponsabilidade e injustiça categorizar a apresentação dos alemães como apenas destruidora, afinal, os caras presentearam o público com um show que pode figurar fácil, fácil, como uma das melhores apresentações do ano em solo brasileiro.

Se no já longínquo ano de 1999, o Rammstein fora ostensivamente e desrespeitosamente reprovado ali mesmo, em Interlagos, pelo público ao ser banda de abertura do Kiss. Agora, em 2016, os alemães saem ovacionados como semideuses e certos de serem, hoje, uma das únicas, quiçá a única, banda da ‘nova geração’ a ter o luxo de levar a alcunha de clássica.

Agradecimentos: Move Concerts, Midiorama e equipe.

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