Lacuna Coil Empolga Público Carioca Com Apresentação Insana

Sob um olhar diminuto, o sucesso, na esfera musical pelo menos, pode ser facilmente mal interpretado por apenas estampar capas das principais revistas do gênero musical o qual o artista ou banda atente sua arte; ou mesmo se amparar na muleta de único hit radiofônico, o que passa longe da jurisdição da real essência e significado da palavra. No entanto, e na contramão da anterior afirmação, há artistas e bandas como os italianos do Lacuna Coil, que vêm, passo a passo, numa toada progressiva e sólida de ascensão ao real significado e essência da palavra sucesso desde seu debute há dezoito anos atrás. E, mais uma vez, o público carioca pôde presenciar e vibrar na noite de ontem (10) com o verdadeiro sucesso de uma banda vigorosa em sua apresentação ao vivo; excepcional nos atributos como talento, simpatia e performance e brilhante no esmero de oferecer sempre o melhor ao seu fiel público.

A noite começou com o som da banda carioca Innocence Lost, que, com seu bem vindo prog metal/heavy metal, cooperou, e muito, para que o indicador da diversão não saísse do nível máximo em instante algum, mesmo que alguns problemas técnicos tentassem de todo jeito eclipsar a qualidade da performance do grupo. Com foco, empenho e muito trabalho, o Innocense Lost tem grandes chances de vislumbrar um futuro brilhante.

Com o Teatro Odisseia perto de sua capacidade total e pontualmente às 20h, o Lacuna Coil deu o pontapé a sua terceira apresentação em solo carioca. E foi sem dó e com os dois pés na porta que Ultima Ratio invade os PA’s e dá uma prévia da bela celebração que a noite de calor escaldante reservaria ao público e banda. E continuou assim: sob intensa agitação, fervor e calor, que a já clássica Spellbound, do álbum Shallow Life, foi recebida e cantada em uníssono pelo o exército de coilers.

Die & Rise é a primeira representante do ótimo álbum Broken Crown Halo e vem retificar que um refrão grudento é um dos melhores e eficazes trunfos para atear ainda mais fogo numa plateia ensandecida. Ganha destaque a interessante e insana indumentária do grupo, que remete às vestimentas utilizadas em hospitais psiquiátricos para estabilização e contenção de pacientes de alto nível de agressividade e hostilidade. E por falar em visual, as doentias maquiagens utilizadas pela vocalista Cristina Scabbia & CIA dão um maravilhoso toque sombrio à apresentação dos italianos.

Não é novidade que o grupo sempre se colocou como um dos mais queridos pelo público, e essa empatia não é gratuita e ou fora de esquadro. A banda, formada pela já citada e bela Cristina Scabbia (vocal), Andrea Ferro (vocal), Marco Coti Zelati (baixo), Diego Cavallotti (guitarra) e Ryan Folden (bateria), é destituída de qualquer ranço de estrelismo, o que estreita a afinidade e o apreço por sua arte e embolsa um carinho incomensurável vindo dos fãs.

A apresentação reservou ao público um passeio de primeira classe, diga-se, por quase toda discografia do grupo, ficando de fora apenas o álbum de estreia, In a Reverie. Com isso, não faltaram representantes de discos seminais como Unleashed Memories, com a aclamada Senzafine; Comalies e suas indefectíveis e clássicas Swamped e Heaven’s a Lie; já Karmacode deu as caras com a grudenta Our Truth e o ótimo cover de Enjoy the Silence, do Depeche Mode. Como se não bastasse, Kill the Light e Trip the Darkness vieram rememorar o quão bom, pesado e empolgante é o álbum Dark Adrenaline; assim como Nothing Stands in Our Way e Victims que se responsabilizaram por levantar a bandeira do ótimo e já mencionado disco Broken Crown Halo.

O novo material de estúdio dos italianos, o álbum Delirium, estava na ponta da língua da maioria dos fãs, então, foi mais que certo que canções do teor de Blood, Tears, Dust; Delirium; Ghost in the Mist e a ganhada no grito na atual perna latino-americana da turnê, My Demons, fossem celebradas com entusiasmo, intensidade e energia que beiravam uma hecatombe nuclear.

Em pouco mais de noventa minutos de muita música, o Lacuna Coil veio provar que sucesso não é estampar uma ou duas capas de revistas, ter uma vida útil perecível datada para findar no máximo em um ano de atividade e se amparar na muleta de um hit tocado à exaustão nos mais duvidosos veículos de informação, mas sim se destituir de qualquer presunção; trabalhar pautado na criatividade, talento, foco, muita honestidade e respeito ao seu público e a sua arte e, lógico, aplicar doses cavalares de diversão. E o resultado? Bem, o público carioca testemunhou na noite de ontem!

Setlist:

Ultima Ratio
Spellbound
Die & Rise
Kill the Light
Blood, Tears, Dust
Victims
Ghost in the Mist
My Demons
Trip the Darkness
Senzafine
Swamped
Downfall
Our Truth
Enjoy the Silence (Depeche Mode)
Nothing Stands in Our Way

Bis:
Delirium
Heaven’s a Lie
The House of Shame

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