Higher: Gustavo Scaranelo Fala Com Exclusividade Sobre O Novo Álbum, Conceito Do Grupo, Mudança No Line-Up E Muito Mais; Confira

O cenário metálico brasileiro sempre fora muito bem representado, tendo representantes de peso nos mais diversos subgêneros do metal, e seguindo essa referência assertiva, a lista dos grandes tem mais um nome a ser empossado, o Higher. O grupo paulista, que lançou o álbum de estreia homônimo à banda em 2014, está em fase de pré-produção do novo disco de estúdio, e para falar sobre o novo álbum, o conceito do grupo, mudanças no lineup e muito mais que o RockBizz, em parceria com a assessoria Som do Darma, foi bater um papo amistoso com o talentoso e simpático guitarrista, Gustavo Scaranelo. Então, caros leitores, sem delongas porque a palavra é do Gustavo.

Vocês estão em fase de pré-produção do novo disco. Podem nos adiantar o que está por vir?

Gustavo Scaranelo: Acredito que, baseado em nossa satisfação com o primeiro trabalho, o segundo álbum vem numa linha semelhante, mas com a inevitável evolução que um projeto apresenta com o passar do tempo. Acredito que algumas surpresas vão aparecer nesse disco, mas vamos oferecer uma dose bastante generosa daquilo que agradou os nossos fãs no primeiro trabalho, principalmente porque também foi o que nos agradou. Será um disco pesado, objetivo, mas feito com o cuidado do primeiro, sem pressa e, sobretudo, exclusivamente com resultados nos quais acreditamos.

O disco autointitulado marcou a estreia da banda. Geralmente uma banda acaba evoluindo seu som nos trabalhos subsequentes. O que vocês acham que deu certo no disco de estreia e que será mantido como parte da identidade musical do Higher e o que ainda merece ser mais bem explorado na sonoridade de vocês?

Gustavo: É um pouco difícil observar o próprio trabalho com esse olhar analítico, especialmente quando se trata de um trabalho tão honesto, feito com o que tínhamos de melhor naquele momento. Acredito que esse seja o principal ingrediente do projeto, a nossa intenção de trabalhar somente com aquilo que realmente nos diz algo e não deixar passar tudo aquilo que nossa criatividade é capaz de produzir, já que nem tudo é bem-vindo.
Muitas ideias surgem, assim como no primeiro disco, mas muita coisa é descartada por não fazer parte daquilo que representa o Higher para nós. Algumas pessoas se referiram ao Higher como uma banda de prog, mas eu, particularmente, acredito que nosso som é bastante objetivo e direto para se enquadrar nesse gênero, e essa é uma das características que fizemos questão de manter. O peso é outra coisa que nos agrada muito e isso estará presente da mesma forma. Novas parcerias surgirão também.

Vocês divulgaram que um tema central conectará todas as faixas do próximo trabalho. Podem dizer algo sobre isso? Podemos esperar um disco conceitual?

Gustavo: Assim como existe um conceito por trás do projeto todo, existe um conceito por traz desse álbum e ele será explicado no encarte. Isso não significa que as letras contarão uma história ou algo do tipo, mas vêm de uma proposta comum. Em breve divulgaremos alguns detalhes sobre esse assunto.

Em termos de produção, o disco de estreia foi produzido pela própria banda e gravado pelo Thiago Bianchi, no Estúdio Fusão. Algo que vocês possam adiantar também nesse sentido sobre o novo trabalho?

Gustavo: Sim. Dessa vez será produzido e gravado por mim. Na época do primeiro disco já flertava com o assunto, sempre fui apaixonado por gravação, mixagem e afins, mas não quis assumir essa função no primeiro disco. Muita coisa mudou desde lá e me direcionei intensamente para essa atividade, estudei muito e investi bastante também.

Tenho inclusive gravado outros grupos, não só no gênero do metal. Se alguém tiver interesse em acompanhar o que tenho feito nessa área, basta acessar o meu site www.gustavoscaranelo.com. Confesso que estou ansioso para iniciar essa etapa do trabalho com o Higher.

A temática do Higher é baseada na busca humana por uma condição mais positiva, favorável a sua existência. Vivemos um momento de crise moral e existencial em todo o mundo. No Brasil, especialmente, as questões políticas tem sido o epicentro dessa crise. Como o ser humano poderia resgatar a fé em si mesmo quando a interdependência coletiva sugere movimento contrário?

Gustavo: Acredito que assumir essa interdependência seja a chave para isso. Não estamos desconectados e é justamente por isso que nossas ações têm peso e consequência, e é também justamente daí que advém o nosso poder: entender que as nossas escolhas transformam o mundo e não apenas o nosso quarto. Mas o ser humano ainda não venceu o egoísmo, e este nada é senão a ignorância a respeito dessa realidade, dessa inevitável conexão entre todos.

A corrupção no nosso país, a meu ver, vem também dessa ignorância. Quando alguém se favorece em detrimento de alguém ou de um grupo, está também imerso nesse egoísmo, nessa ignorância. O desenvolvimento intelectual e moral devem caminhar juntos, a verdadeira felicidade e liberdade vêm daí, acredito eu.

Vocês anunciaram, recentemente, uma troca de integrantes com a entrada de Rodrigo Ribeiro. Interessante observar que ele é um integrante com faixa etária próxima dos demais integrantes, tendo participado com vocês da banda SecondHeaven, embrião do Higher. Felipe Hervoso entrou para o Higher quando tinha apenas 16 anos. O quanto à idade pode influenciar nas visões e expectativas artísticas e de vida, quando aplicada a uma visão coletiva de banda?

Gustavo: Influencia bastante, não por ela só, mas pelo ser humano em questão. O Felipe sempre foi um cara inquieto e isso foi super positivo pra gente, ter alguém com aquela energia e vontade me ensinou muito, admito. Com a entrada do Rodrigo estamos experimentando algo diferente, mas igualmente positivo, são quase 20 anos de diferença na idade, além de se tratar de um amigo de longa data. O Felipe tinha outros planos que chocavam de certa forma com o grupo, e a saída dele foi super tranquila, inclusive ele auxiliou bastante nessa transição. Sentimos falta da pessoa, mas o guitarrista foi substituído e o Higher está em pé e pronto para o que vier.

Falando em coletividade, o Higher teve início como sendo um projeto de Gustavo Scaranelo e Cezar Girardi. Todas as composições do álbum de estreia são creditadas a dupla. Essa concentração criativa ainda se mantém? Se sim, por quê?

Gustavo: As coisas nesse âmbito ocorrem de forma natural, ou seja, as ideias são bem vindas por parte de todos, mas é claro que zelamos pela sonoridade que caracteriza o Higher. Tendo ideias dos outros integrantes que se adequem ao projeto, certamente elas serão usadas e serão de grande ajuda. No primeiro disco, a música Climb The Hill é do meu irmão, Daniel, e acredito que teremos mais uma música dele nesse disco também, assim como parcerias que ainda serão reveladas. Mas se não houver músicas de outros integrantes da banda não será por falta de abertura da minha parte ou do Cezar.

Para finalizar, uma escolha, e apenas uma: Opção 1 – música como fonte de fama e dinheiro; Opção 2 – música como fonte de expressividade e realização social, independente de reconhecimento?

Gustavo: Aqui vou ter que contrariá-lo (risos). Não posso falar pelo Higher, mas por mim, como um dos fundadores do Higher. E pelo Higher eu digo opção 1, sem dúvida. Não acho que exista outra forma de satisfação plena, senão pela própria satisfação com aquilo que se faz. Se fizermos algo de muito sucesso, mas no qual não acreditamos, não valerá de muita coisa pra mim. Seria como trabalhar em qualquer outra coisa, apenas pelo dinheiro. Mas devo dizer que quando alguém nos escreve e compartilha o envolvimento com o nosso trabalho, um trabalho no qual acreditamos, a sensação é incrível e completa.

Recentemente uma pessoa nos escreveu e disse que dividiu um pedaço de bolo com um morador de rua, pois se lembrou da letra de Break The Wall quando voltava pra casa. Isso pra mim justifica o disco todo. Ao mesmo tempo, sou músico profissional, é a atividade que realizo e que gera a minha renda, toco em outros projetos, além do trabalho com produção e como professor. Não me preocupar com dinheiro não é uma opção, teria que viver do dinheiro de outra pessoa nesse caso (risos), o que também não é uma opção. Então seria hipocrisia da minha parte negligenciar a opção 2.

Acho que é possível achar um meio termo entre as duas opções, uma vez que dependo da minha satisfação pessoal e do cumprimento do propósito da mensagem que nossa música espalha, tocando as pessoas de alguma forma. E, por sua vez, também dependo do dinheiro do meu trabalho. Desculpe ignorar o “apenas uma” nessa questão (risos). Agradeço a oportunidade de falar sobre o projeto e a todos que nos lêem aqui ou estão acompanhando o Higher. Abraços!

Informações:
www.higherband.com
www.facebook.com/highermetal
www.soundclound.com/highermetal
www.twitter.com/highermetal
www.youtube.com/highermetalband

Deixe um comentário (mensagens ofensivas não serão aprovadas)