Dark Dimensions Folk Festival Faz A Alegria Do Público Paulistano Com Atrações Inéditas No Brasil

Seria somente mais um domingo de primavera, ouvindo música boa com amigos e uma cerveja gelada na mão. Até aí já estaria bom, não é mesmo? Agora, imagine isso em um festival com mais 4 bandas: Ensiferum (Finlândia), Elvenlking (Itália), Kalevala (Rússia) e Armored Dawn (Brasil), e muito hidromel, souvenir, roupas e acessórios medievais em exposição e à venda. Além disso, algumas simulações de lutas e batalhas medievais com o grupo paulista Ordo Draconis. Pois este é o cenário e um resumo do Dark Dimensions Folk Festival que rolou no último domingo (19) em São Paulo.

Às 14h foram abertas as portas do Carioca Club para o público curtir as exposições e vendas de merchandising dentro da casa, saboreando o hidromel e ouvindo um Orphaned Land nos PA’s. Os fãs, inclusive, conseguiram conhecer os próprios músicos de algumas bandas gringas que estavam em suas bancas de merchandising, recebendo os fãs, vendendo seu material e autografando, como, por exemplo, o Kalevala. O público pôde adquirir alguns acessórios medievais como elmos e espadas, além de CD’s e vinis, camisetas de bandas e roupas medievais, horns e hidromel, tendo tudo bem posicionado em uma feirinha no anexo ao Carioca Club.

Às 15h45 dois guerreiros medievais do grupo Ordo Draconis subiram ao palco para simular um duelo medieval. Tudo de forma bem real, até mesmo o momento em que as espadas de metal se chocavam com os escudos de madeira, onde pedaços de madeira voavam no ar e, assim, um guerreiro caracterizado como um viking, de Odin, e outro como um cavaleiro Templário, rajaram espadas no limiar do palco, dividindo espaço com o equipamento da banda de abertura.

Exatamente às 15h50 começou rolar nos PA’s a bela introdução do Armored Dawn, banda que tem conquistado muito espaço em nossa cena, abrindo diversos shows como: Tarja, Sabbaton, Megadeth e Rhapsody. Antes conhecida como Mad Old Lady, desde que alterou seu nome, a banda tem assumido uma identidade musical meio power metal medieval inspirada em bandas como Manowar, o que tem funcionado muito bem.

Formada por grandes músicos como: Rodrigo Oliveira (baterista, Korzus); Rafael Agostino (teclado e guitarra, ex-Ravenland); Timo Kaarkoski (guitarra, ex-Ravenland); Thiago de Moura (guitarra); Fernando Giovanetti (baixo) e Eduardo Parras (vocal), o grupo tem mostrado uma grande evolução desde os tempos do Mad Old Lady. No início, o som estava bom, mas a partir da terceira música Eyes Behind the Crow estava perfeitamente equalizado, podendo ouvir, claramente, as notas da voz de Parras, e que riffs e refrãos esta canção possui, além disso, há os teclados muito bem encaixados, dando o clima épico.

Após se apresentar, Parras afirma: “somos todos homens de Odin”, e inicia a pesada Men of Odin, canção que será um futuro hino do metal bradada por todos em coro. Na sequência veio Rose Tattoo e um solo de baixo, onde Giovanetti mostrou todo a técnica que possui em seu instrumento.

Logo tocaram Survivor e o tão esperado hit, Sail Away. Rafael Agostinho alternou entre os teclados e guitarra durante a apresentação, tendo uma performance fantástica e cheia de feeling, precisão e com direito a um belo solo de teclado, tendo como aliadas as pesadas e bem compostas e ou improvisadas linhas orquestradas, o que deu um clima perfeito para o que veio em seguida.

Em Gods of Metal, o vocal de Parras ganha ainda mais força e, nesta canção que é um power metal no melhor estilo Manowar, o vocalista impunha sua espada e canta o refrão junto com o público, sendo um dos melhores momentos do show. Para fechar, Parras anunciou que no ano que vem estará em turnê novamente na Europa e se despediu do público sendo bastante ovacionado com Beware of the Dragon.

Os próximos a subirem no palco são, simplesmente, as pessoas mais cheias de energia que já conheci. Vindos da gélida Rússia, os músicos estavam efervescentes por estarem, pela primeira vez, tão longe de casa, em outro continente, tocando e cantando em sua própria língua mãe. O Kalevala veio para explodir o palco com sua incrível performance.

Suzan, ou como é conhecida: Xenia Markevich, é uma vocalista que se assemelha em energia, feeling, atitude e desenvoltura vocal com a Goddess of Metal, Doro. O guitarrista Nikita Andrianov é incrivelmente empolgado e seguro de seu instrumento, e sua performance e visual me lembrou muito o guitarrista Zack Wilde na turnê do No More Tears, com solos realmente muito bem encaixados e cheios de emoção misturados a dedilhados no melhor estilo folk.

Para dar todo o clima à música que é baseada na cultura musical finlandesa, embora a banda seja da Rússia, mas é da Finlândia que vem todo a inspiração como o nome da banda. No acordeon, Aleksandr “Olen (deer)” Oleynikov dançava e batia cabeça empolgando a todos, dava para sentir sua felicidade de estar no Brasil pela primeira vez tocando para nós. Já o baixista, Marco, entrou na banda há menos de um mês com a missão de pegar 30 músicas, e o fez com o adendo de ao vivo ter soado perfeitamente entrosado, e sua segurança no palco era tanta e sua performance era insana.

Antes de finalizar sua apresentação, Marco agradeceu o público, os músicos do Elvenking por emprestarem o baixo para ele e aos músicos do Armored Dawn por terem cooperado em resolver um problema que tiveram no aeroporto, onde parte do equipamento ficou em inspeção desde o dia anterior ao show.

O Kalevala finalizou o set com uma garra jamais vista antes por mim em bandas de folk metal. Parabéns ao baterista Denis que mostrou muita técnica e peso, coordenando muito bem as variações rítmicas na música. O Kalevala é uma banda bem original, vinda de muito longe e que fez uma excelente estreia em nosso país.

Elvenking, mais uma grande banda estreante nos palcos brasileiros, é muito experiente e com extensa carreira e vinda da maravilhosa Itália. O grupo já teve alguns de seus álbuns lançados no Brasil. Inclusive, com a parceria entre a AFM e Valhall Music Records será lançado por aqui seu mais novo álbum.

Com um visual dark e a atitude despojada do hard rock, os músicos foram recebidos com muita euforia pelo público, que mostrou conhecer bem as músicas da banda. Damnagoras dominou o público do Carioca Club ao adentrar no palco já cantando King of the Elves; seguida de Elvenlegions. Após um caloroso boa noite esbanjando simpatia, os italianos dispararam The Wanderer. A banda não esperava tamanha receptividade, e essa energia emanada pelo público retornou de forma grandiosa pela banda executando Invoking the Woodland Spirit e emendando na bela The Winter Wake.

O público estava na mão dos italianos, e simpatia e energia não faltaram em sua apresentação. Pagan Revolution teve destaque para a dupla de guitarristas extremamente competentes e entrosados: Aydan e Rafahel. Além dessa dupla, outro grande destaque que enriquece a música da banda e leva o público para outra dimensão é o violinista Lethien, que é um músico exótico e hipnótico com seu violino. Draugen´s Maelstrom foi anunciada com seu riff matador e a cozinha da banda garantindo um peso absurdo, tendo destaque para o baterista Lancs e o baixista Jakob, que encorpava mais e mais o peso da banda ao acompanhar o bumbo.

Visivelmente, o Elvenking não se continha com tanta felicidade de estar ali, pela primeira vez, e sendo tão bem recebida. Damnagoras, sempre comunicativo, anunciou Divided Heart, e esperando que aquela noite nunca acabasse, o grupo disparou Neverending Nights após a pequena intro Era Theme, tendo a despedida perfeita com The Loser.

O Elvenking, com toda certeza, executou sua música de todo coração e alma e de forma tão perfeita como está em sua discografia. Corra e encomende seu CD para conhecer o trabalho dessa banda fantástica, e espero que não demorem a retornar ao Brasil.

Após a apresentação do Elvenking, iniciou mais uma apresentação curta do grupo Ordo Draconis, simulando uma batalha medieval em meio ao público. Nesse intervalo os músicos da banda headliner do festival já preparavam para tomar o palco de assalto como verdadeiros vikings, vindos da não menos gélida Helsinque, Finlândia, o Ensiferum é um dos maiores nomes do folk metal de seu país, e em sua passagem, em 2014, por nosso país deixaram inúmeros fãs que, ansiosamente, esperavam pelo seu retorno.

A intro Ajjatomasta Unesta iniciou nos PA’s e logo, como um ataque viking, vindo em seus drakars, toda  a violência sonora aliada a muita melodia levantou o público de forma avassaladora com For Those Who Fght For Metal. O visual do Ensiferum impera e intimida, mesmo com uma performance um pouco mais parada em relação às bandas anteriores. Já as músicas são aceleradas e energizam o público.

Headen Horde e Two of Spades foram executadas com os vocais de Markus Toivonen (guitarra), e Petri Lindroos (guitarra) e Sami Hinkka (baixo) dão uma outra dimensão ao folk festival, alternando entre as vozes limpas de Markus e extremos rasgados com guturais bem ao estilo Children of Bodom. Assim, executaram King of Storms continuando a devastação sonora que é cheia de partes melódicas vindas das guitarras e da simpática acordeonista, Netta Skog. Netta também auxiliava com os backing vocals. Tresherous Gods e In My Sword I Trust foram ovacionadas pelo público que cantava juntos com toda força e ar dos pulmões.

Uma pequena pausa e a intro Tumman Virran Taa foi iniciada, e a banda chama o público para cantar junto The Longest Journey. Já Way of the Warrior é como os hinos de uma batalha medieval. Após uma respirada e o público clamando o nome da banda, o Ensiferum continua com duas grandes machadadas: Token of Time e From Afar, deixando o palco ainda  mais ovacionada e aclamada. O grupo retornou para o bis executando Lai Lai Hei, que é uma grande festa folk metal.

Parabéns a Dark Dimensions pelo grandioso festival! A contribuição dessa produtora com o nosso país é enorme, visto a quantidade de artistas que ela tem trazido à nossa cidade e país. Os agradecimentos especiais são para Ultimate Music pelo suporte à imprensa nacional. Que venha a próxima edição.

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