Apocalyptica Faz Uma Brilhante E Insana Apresentação Em Porto Alegre

Misturar instrumentos da música clássica com o heavy metal não é exatamente uma novidade, mas quando o Apocalyptica adaptou as músicas do Metallica em quatro Cellos o mundo do rock pesado se viu surpreso, mas, igualmente, encantado com o que os finlandeses mostraram.

20 anos depois, o grupo se consolidou no meio musical, mesmo nunca tendo alcançando o sucesso e o impacto do álbum de estreia, conquistaram o respeito de todos e tiveram diversas participações de peso em seus álbuns como Dave Lombardo (Slayer) e Corey Taylor (Slipknot). Para celebrar a data, saíram em tour tocando na íntegra o disco que os consagrou. Dividindo em duas partes, foi uma longa e agradável noite para os fãs.

Foto: Caroline Flores

A primeira parte foi acústica e tocando o álbum homenageado inteiro e na mesma ordem do registro. Mantendo a pontualidade tradicional da casa, o grupo sobe ao histórico palco do Bar Opinião às 21h e, sem delongas, começa a tocar Enter Sandman. Master of Puppets é a seguinte, a plateia começa e se soltar e cantar alto com o grupo, sendo a voz do show. O quarteto responde a empolgação batendo cabeça e tocando em pé com os seus enormes instrumentos.

Ovacionados, Eicca conversa com o público e explica que irá tocar o álbum de estreia na sua total composição e no mesmo formato, pedindo que os fãs sejam os vocalistas da noite, anunciando Harvest of Sorrow, que teve recepção morna dos fãs, diferente de The Unforgiven, essa cantada em uníssono, uma das mais famosas baladas do metal.

“É incrível estar em Porto alegre, especialmente 20 anos depois, nós não tínhamos expectativas disso tudo. Em 1996, quando fizemos esse projeto, pensávamos em alguns shows de graça e apenas isso, agradecemos vocês por isso tudo, essa é Sad But True”, outro ponto alto do Metallica, e também do Apocalyptica, a faixa é mais uma cantada em voz alta por todo mundo.

Foto: Caroline Flores

A veloz Creeping Death soa com mais peso ao vivo, aliás, cabe destacar a coesão apresentada e o peso de cada acorde dos Cellos.”Parece que vocês gostam dessas versões antigas das músicas, certo? Muitos de vocês não sabem o que aconteceu com o Apocalyptica nesses 20 anos: lançamos vários álbuns com composições originais e tocamos pelo mundo todo, essa próxima é sobre a vida de um viajante como estamos fazendo por tanto tempo, Wherever I May Roam”, anuncia Eicca Topping.

O vocalista saúda a volta de um membro original do grupo: “ele tem um jeito todo especial”, se referindo a reação fria de Antero Manninen, que deixou o grupo para ser membro da Orquestra Filarmônica de Helsinki, mas após tantos aplausos, acabou entregando um sorriso a todos.

Completando o álbum, Welcome Home (sanitarium) fechou quase uma hora de apresentação, outra bem celebrada pelos presentes. Apesar de celebrar e divulgar esse álbum, o grupo preparou uma segunda parte de peso com o baterista Mikko Siren no palco. Às 22h, voltam ao palco e seguem homenageando o Metallica com outras versões que gravaram durante a carreira e algumas novidades. Fade to Black aquece e prepara os ouvidos para o peso que viria com For Whom The Bell Tolls.

Foto: Caroline Flores

Agora é Perttu Kivilaakso que fala: “Porto Alegre, Brasil, essa é uma parte muito mais pesada do show e não vou mais ficar parado. Vocês continuem fazendo o que estão fazendo cantando com a gente, estão prontos”? Fight Fire With Fire é uma versão absurdamente incrível do grupo, uma das mais velozes do Metallica que exige um esforço e uma técnica muito grande, e o grupo entrega isso e mais um pouco despejando uma energia digna de heavy metal no palco, indo de um lado a outro e respondendo as interações do público.

“Já que estamos aqui, pela primeira vez, em sua cidade, vamos apresentar essa banda. Estamos felizes de, depois de tantos anos, tocar aqui. Espero que a gente volte logo e, de repente, tocar sepultura da próxima vez”. “Em 1993, eu queria comprar vários álbuns, mas comprei Ride the Lighting, essa não tocávamos desde 1993. Mas já que estamos aqui, vamos tocar pra vocês, uma faixa rara do Metallica: Escape, anuncia Eicca.

Battery vem em seguida e foi o grande momento da noite. O que esse quarteto faz ao vivo com os Cellos beira ao inacreditável. Muito falante, Eicca pede para ouvir a todos na próxima, pois sabem do que se trata: é Seek and Destroy. Outra versão de encher os olhos e ouvidos e a responsável por encerrar essa parte do show.

Em um raro e alto pedido de “one more song” que durou bons minutos, a banda volta para mais duas, agora as calmas Nothing Else Matters e One. Eicca se derrete aos gaúchos: “vocês foram absolutamente fantásticos essa noite, nós apenas queremos agradecer a todos por dividirem essa noite e nos oferecer uma bela lembrança”.

Foto: Caroline Flores

É insano e difícil de acreditar que quatro Cellos e uma bateria possam soar tão pesado quanto as mais graves afinações dos mais variados estilos do heavy metal. Em um ano recheado de shows internacionais, o Apocalyptica chegou quase no fim e querendo um lugar no coração dos fãs como um dos melhores shows de 2017. A brilhante apresentação foi muito aplaudida e um acerto em cheio do grupo nessa tour e da produção em trazer para o Rio Grande do Sul.

SETLIST

Acústico: 
Enter Sandman
Master of Puppets
Harvester of Sorrow
The Unforgiven
Sad but True
Creeping Death
Wherever I May Roam
Welcome Home (Sanitarium)

Com bateria:
Fade to Black
For Whom the Bell Tolls
Fight Fire With fire.
Orion
Escape
Battery
Seek & Destroy

Encore:
Nothing Else Matters
One

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